sábado, 30 de agosto de 2008

Falta de "Aliança" com o jornalismo


Ok, não precisa ser uma aliança, mas respeito é fundamental. Estou falando da "Aliança por BH" encabeçada por Márcio Lacerda e orquestrada pelo governador do estado e o prefeito de Belo Horizonte. Explico: nesta época de eleições, nada mais comum que um candidato à prefeitura receba dezenas, senão centenas de convites para entrevistas à imprensa. Tirando a imprensa, sabemos que há também os debates em sindicatos, palestras, o corpo-a-corpo e por aí vai...

Nada mais comum também do que a imprensa fazer estes convites, ainda mais quando se trata de um candidato tão singular como Márcio Lacerda, que ideologias e gostos à parte, é a atração desta eleição. Sendo assim, e humildimente me colocando na posição de um estagiário de jornalismo, resolvi fazer este convite. Com Márcio Lacerda não deu. Ok, também entendo, com ressalvas, que ele pode ter uma agenda realmente atribulada. Quando disse que entendo com ressalvas, explico: a vida de um aspirante à prefeitura não é fácil, sei, mas a de ninguém é. Consegui entrevistas com todos os candidatos. Entrevistas presencias, à exceção de um.

A assessoria de Márcio Lacerda disse "estar impossível" conseguir um horário que ele se desloque até a rádio. Insisti: "Eu vou até aí". Resposta: "A questão é o tempo". Insisti: "Podemos fazer por telefone". Resposta: "O problema é o tempo". Mesmo assim pensei: "Não é possível alguém ser tão sem tempo a ponto de não poder ficar ao telefone por 15 minutos". O pior, foi a alternativa que me deram: "Anote meu email -anotei- e peça o que você quer que ele (Márcio), fale. Porque agora nós vamos fazer assim: a partir destes pedidos, o Márcio vai gravar os assuntos". Por exemplo: caso a rádio na qual faço estágio e outra queiram perguntar sobre "saúde", o candidato vai gravar suas posições sobre o assunto e distribuir para aqueles que solicitaram.


Complicado isso: parecem que estão querendo cercear a imprensa. Ao invés do candidato passar por possíveis complicações em uma entrevista ao vivo, ser questionado, preferem que ele grave tudo, com um texto bem falado, na ponta da língua. Desta forma, fica livre de passar por situações embaraçosas. Bom, nada errado nele preferir assim, mas o livre debate de idéias fica recluso. Nada justo isso. Posso estar errado, até porque não me aprofundei na vida de Márcio Lacerda, mas isso pode ser uma estratégia para esconder o quão ruim orador ele é. Os belorizontinos que o vêem na TV, podem notar que ele fala com certo receio, para dentro.

Isso não é justo com o povo também, que quer ver um prefeito que aja com desenvoltura em situações bem mais complicadas que uma simples entrevista. Porém, nada como um belo trabalho que venda uma imagem perfeita do candidato. E olha, a propaganda de Márcio é realmente grandiosa! O povo porém, fica sem saber destes pequenos detalhes. Pequenos, mas que podemos vislumbrar como será sua gestão se for eleito.

Já tenho certeza de algumas coisas: sua relação com a propaganda e com a imprensa. Uma, mostra o mundo da fantasia. A outra, a realidade. Uma aliança, palavra tão em alta nesta chapa será feita com uma. Com a outra, uma conturbada relação. Espero mesmo que não seja assim. Mas conhecendo os gurus de sua campanha...

1 comentários:

Wander Veroni Maia disse...

Oi, Catta Prêta!

Perfeito. Vc tocou na ferida das eleições de Belo Horizonte. O candidato Márcio Lacerda (PSB) tem realmente a melhor propaganda política, em termos de estética e de apelo comunicativo. Porém, em termos políticos, ainda não mostrou a que veio.

A equipe de comunicação dele conseguiu fazer uma campanha cheia de jingles, toda dramatizada e com a pelo forte ao documentário, para mostrar o homem (e ser político) Márcio Lacerda.

Mas esqueceram de uma coisa: o debate político. Como um candidato fala em aliança e continuidade, sendo que ele nunca foi uma liderança em BH nesses últimos 16 anos de administração petista?

Vamos combinar, hein...tem gente achando que é o belohorizontino não é politizado o sufiecientemente para não perceber isso. Sinceramente, ainda não sei em quem votar. Por ora, estou com a Jô. Mas a campanha dela e a atitude como candidata precisam ser reformuladas: principalmente as alianças e o discurso.

Adorei o texto!!! Voto Sem Fronteiras - Eleições 2008.

Depois passem lá no Café. Hoje voltemos os olhos um pouco para a nossa classe, os blogueiros.

Happy Blog day!

Abraço,

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http://cafecomnoticias.blogspot.com

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