Análise da obra "Maíra", de Darcy Ribeiro
Por mais que pareça improvável, a união de três matrizes diversas deu origem à nação brasileira. Três povos – os silvícolas Tupis, os negros (bantos e sudaneses) e os brancos europeus – que se entrelaçam e se afastam, complementando uns aos outros em um contexto trial.
Desde os tempos da chegada portuguesa, uma infinidade de erros e desmandos foram cometidos pelos caraíbas contra os índios que nesta pátria habitavam e consolidaram sua cultura cerca de dez mil anos antes do “descobrimento”.
A obra, ao seguir a toada de uma missa, faz alusão à chegada lusitana na Terra de Vera Cruz, assim como remete à catequese que aculturou os silvícolas, submetendo-os a uma cultura monoteísta, trazida pela Companhia de Jesus.
Avá é o exemplo da heterogeneidade brasileira. Ele se divide entre a visão religiosa e os rituais mairuns. Além do mais, incorpora a identidade de Isaías, um resquício de esperança de que ele fosse tal qual o profeta, o anunciador do Cristo e, no contexto de “Maíra”, o civilizador.
A colonização foi o fator preponderante para a consolidação de um “Brasil de Contrastes”, de múltiplas identidades e ecos. Brasil este, descrito na prosa de Oswald de Andrade, ícone do Modernismo Nacional e autor dos manifestos Antropófago e Pau-Brasil, que absorveram as qualidades, deglutinando-as para enfim, formar uma verdadeira nação: homogênea e com uma identidade sólida.
Uma nação em que silvícolas, caraíbas e afro-descendentes se aceitem em prol de uma identidade nativa, de raízes firmes tais como a do pau-brasil.
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