sábado, 7 de março de 2009

Velho tema

Suicídio assistido passa a ser permitido por lei em estado americano enquanto aqui no Brasil tramita no senado federal desde 1995.



Enquanto o nosso Brasil é regido pelas bênçãos dos arcebispos principalmente nas tentativas de decisões sobre onde começam vida e a morte não importando as circunstâncias, o estado de Washington, onde abriga a Casa Branca nos Estados Unidos é o segundo estado americano a aprovar nesta quinta-feira 5, a lei do suicídio assistido. Intitulada “morte com dignidade”. A nova lei permite que doentes terminais com morte prevista em até seis meses acelerem a data de sua despedida.

Na controversa natureza da aprovação do suicídio assistido, nem os hospitais e nem os médicos tem a obrigação de ajudar seus pacientes a morrerem. Muitos profissionais da saúde ligados a Igreja Católica se justificam dizendo que a opção do não acompanhamento do suicídio “não se trata necessariamente uma questão baseada na fé”. É o que diz Julien Petersen, diretora de um dos hospitais públicos que não participará da nova medida permitida por lei.
Enquanto em Washington a nova lei seja praticada sem muito rebuliço, no estado da Georgia, ativistas do “direito de morrer” foram presos por ajudar um homem de 58 anos a descansar em paz, leia-se, se matar. Mais quatro membros de um grupo chamado “Final Exit Network” também foram presos por “trabalharem” como voluntários mesmo não sendo médicos preparados pra o feito. Os “Exit guides”, guias para a saída, em português, com grande potencial em ajudar a quem deseja por um fim no sofrimento, atuam em estados onde a auto-aniquilação assistida, mesmo que com acompanhamento médico, ainda não é permitida. A polícia da Georgia estima que este grupo já teria ajudado mais de 200 pessoas suicidarem por toda nação americana.
Extremismos à parte, eticamente não deveriam caber ao estado e tão pouco às instituições religiosas decidirem se o cidadão pode ou não “partir dessa para uma melhor” quando lhe convir. No Brasil, a eutanásia ainda está em tramitação no senado desde 1995 quando foi criado o projeto de lei. Entretanto, a proibição permanece como o mais lógico a ser feito pela grande maioria da população.
Abortos somente são permitidos em casos de bebês anacéfalos (que nascem sem o cérebro) dentre outros casos mais graves. Fora isso, qualquer iniciativa própria ou alheia de interromper a gravidez, desligar aparelhos por outros problemas relacionados à vida, mesmo que declaradamente pela medicina ainda insolúveis, ou que seja a solução para alguns, são proibidos pelos nossos representantes no congresso nacional. Não são levadas em consideração as condições sociais, financeiras e psicológicas da mulher que engravidou ou das condições em que engravidou.
Repercutiu muito na última semana o horrendo caso da menina de nove anos que foi estuprada pelo padrasto que acabou por engravidá-la de gêmeos. Os médicos chegaram à conclusão que a gravidez deveria ser interrompida de modo que a saúde da vítima seja preservada. O então reverendíssimo arcebispo de Recife e Olinda D. José Cardoso Sobrinho classificou o aborto como um fato ainda pior do que o estupro. Excomungou a equipe médica e mãe da menina. O procedimento clinicamente justificado para evitar que a criança tenha que trazer dentro de si mais duas, trazendo assim, problemas tanto de ordem física quanto psicológica à menina, que já é inevitável uma vez que já sofreu o abuso.
De acordo com os valores morais e religiosos do arcebispo, o homem que cometeu tal crime ainda pode ser perdoado, enquanto os médicos e a mãe da criança que, provavelmente além de sofrer com o ocorrido, ainda "ficará de fora dos benefícios que sua fé religiosa traria" justamente por permitirem o aborto.
A afirmação do líder eclesiástico soou como preconceituosa por um grupo de Feministas Católicas que ficaram indignadas. Segundo elas, o fato de ele não excomungar o padrasto mostra como as mulheres ainda são tratadas pela Igreja em muitas partes do país.
É tudo muito controverso, me parece está ocorrendo uma relativização de crimes e impiedade por parte da Igreja.
Retomando a lei americana, sabemos que só poderia ter sido aprovada com base em testes clínicos que indicam se a pessoa tem chances de se recuperar ou não. Antes que pareça uma apologia ao suicídio por minha parte, a mesma ciência que explica as alterações psíquicas que envolvem o suicídio voluntário como patologia, confirma que em alguns casos específicos, os pacientes podem decidir quando morrer.
Enquanto o debate científico-filosófico-religioso sobre se temos o direito de decidir entre viver ou morrer permanece, as questões se multiplicam. As respostas sobre o início e o término da vida são variadas, pois dependem dos valores em que as pessoas se apóiam tomando como sentido de realidade. Se as respostas da ciência se sobrepõem às respostas fundamentadas na fé ou se ainda o mistério permanece no imaginário das pessoas.

Melhor visualização com o navegador Mozilla Firefox