segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Tempos de amor e profissionalismo

Perfeitamente audível soaram as palavras cristãs nesta noite dominical que se passara, anunciando a história profética do menino que viera nos salvar e pregando a princípio, o desapego ao material em virtude da plenitude imaterial. Da semelhança entre as platônicas idéias e os dizeres da Bíblia, vê-se o quão fugaz são as relações e tudo que as cerca. Quão frágeis são as forças que alimentam o espírito natalino e a esperança de um ano posterior repleto de alegrias.

Ceifam as amizades e o amor. A entrega esconde a célula-mãe do materialismo: o dinheiro. E não obstante, o esporte também se corromperia, inebriado pelas vultosas quantias que separam olimpianos de meros mortais. Principalmente em si tratando de futebol, berço das mais insanas orgias financeiras. Em tempos de crise, os “boleiros” chutam de bico os murmúrios de assombrações que assolam os mercados e isolam no ar, as expectativas de desvalorização de seus passes.

O Velho Continente, El’Dorado verde circunscrito pelo mundo, que é redondo sim, como já diziam os filósofos da antiguidade clássica grega, a bola gira: nos gramados e além de cifras nos bancos. Contudo, “a festa acabou, a luz apagou”, a fonte secou, o mercado esfriou. E agora... ? O poeta em seu repouso descansa e assiste aos cartolas sambarem e puxarem o coro, que dita a moda 2009: a criatividade.

Sem dinheiro, intensificaram-se as trocas entre equipes brasileiras, na mesma proporção em que crescem os salários e as declarações de “profissionalismo”. Aos mais saudosistas, resta o pesar de que a paixão e a saudável rivalidade tenham sido entregues a trivial troca de escudos e camisas, que tanto confunde jornalistas, quanto torcedores, que não conseguem sequer lembrar a escalação de seu time do coração.

O Fenômeno, que há tempos não justifica o apelido dado a ele pelos nerazzurri - torcedores interistas – em 1997, mostra-se, pelo menos, um fenômeno de marketing que agitou o mercado e balançou as estruturas de nosso futebol, seja pelo seu salário milionário ou pelos milhões de camisas vendidas com o nome do jogador, que deixou seu clube do coração, o Flamengo, em segundo plano em nome desse jogador moderno, versátil e adaptável: o profissionalismo.

Outras equipes, menos audaciosas, apostam para o ano-novo na ciranda da bola, o vai e vaivém daqueles profissionais acostumados a mudar de cores, horizontes e rivais. Jadílson acerta com os dirigentes atleticanos sua ida para a Cidade do Galo, após uma boa temporada pela equipe da Toca da Raposa. Leandro Amaral, que deixou com grande lástima as Laranjeiras, retornou ao Vasco da Gama pedindo perdão, jurando amor, e pode voltar ao tricolor carioca novamente, sem juras, mas com empenho e seriedade.

Talvez nós sejamos os culpados por este processo. Afinal, alimentamos durante anos o “amor à camisa”, algo impensável (aos atletas) em um jogo que movimenta milhões em público e renda. Milhões que, atualmente, são alcançados com o tal profissionalismo, que não entra em campo, não cobra tiro de meta, escanteio ou lateral, mas que nos bastidores dá suporte aos campeões, haja vista o Internacional e o São Paulo, exemplos de que o respeito à instituição, organização e comprometimento são bases para o sucesso.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O ano de Lula

Não tenho dúvidas que 2008 será um ano lembrado por todos, pelos mais diversos motivos: o caso Isabella Nardoni, Fidel Castro, Olimpíada de Pequim, a crise econômica global, o caso Eloá, as eleições municipais, Protógenes Queiroz e Daniel Dantas, Barack Obama, Sara Palin, o derradeiro ano de George W. Bush na presidência americana, as enchentes em Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro, etc etc.

Guardadas as devidas proporções de cada um destes acontecimentos, nenhum deles, absolutamente nenhum, conseguiu ofuscar a figura de uma pessoa, que na verdade o enxergo como um personagem: o presidente Lula. Mesmo com tudo pelo que passamos em 2008, nada sequer resvalou na imagem de Luiz Inácio da Silva, pelo contrário: nunca na recente história democrática desse país se viu um chefe de Estado tão respeitado e admirado, alcançando índices de popularidade jamais vistos. Na verdade, não só Lula, como seu governo também.
A última pesquisa CNI/Ipobe apontava que 73% dos entrevistados consideram a gestão atual como boa ou ótima e apenas 6% como ruim ou péssima. Seguindo o mesmo compasso, a aprovação pessoal de Lula: a mesma pesquisa revelou que 80% dos entrevistados confiam no presidente, ante 18% que não confiam.
Agora, sempre me perguntei o real motivo pelo qual o presidente ser tão querido por esmagadora maioria da população, e as respostas mais óbvias que encontro são as seguintes: o incrível carisma e poder de comunicação do presidente Lula, que sinceramente, é o único em seu governo que sabe ser desenvolto em público. Acredito que a tríade perfeita do presidente é um palanque, um microfone, e milhares de pessoas ávidas por escutar suas "inteligentes" filosofias.
Segundo motivo: o momento da gestão de Lula, que não poderia ter sido melhor. Entre 2003 - início de seu primeiro mandato - e meados de 2008 - início da crise financeira, o mundo passou por um momento de franca expansão comercial, e o governo, felizmente, soube aproveitar disso muito bem. Seja no estímulo ao consumo interno, seja na obtenção de crédito internacional, ou nas exportações, o governo conseguiu fazer avanços consideráveis em diversos setores sociais e econômicos. Não fez mais do que sua obrigação, acredito.
Ponto final. Sinceramente, só vejo nessas duas possíveis explicações o real motivo do presidente estar tão bem cotado nacional e internacionalmente. Ambos esses fatores conseguem se sobrepor, e muito, a qualquer tipo de escândalo político, crise mundial e figuras em ascenção. O presidente se tornou um inatingível.
Pessoalmente vejo Luiz Inácio, na verdade Lula, uma figura ignorante, sem educação, que faz uso do mais chulo vocabulário para tratar de assuntos de relevância, seja de âmbito interno ou externo. Convido o internauta sem fronteira a conferir as "poéticas" frases de Lula em 2008, clicando neste link. Não vejo com bons olhos um chefe de Estado tão superflo, tão caricato e tão vulgar quanto Lula. Ele é aquele tipo de comandante, que para usar uma metáfora, não gostaria que fosse o capitão do meu navio enquanto o mar estivesse tão turbulento. Vai que no exato momento de uma onda imensa que possa naufragar nosso navio, ele simplesmente diz que é tudo "uma marolinha"!
Que venha 2009, e tenho certeza que será o ano do verdadeiro teste do personagem tão bem interpretado por Luiz Inácio

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Com todo o gás?


Medo acerca da formação de um cartel inflama exportadores de gás e cria temor nos EUA e UE

Da gélida e emergente Rússia surgem as primeiras faíscas de uma grande fogueira, apelidada “carinhosamente” de a “OPEP do gás”, cartel que controlaria a produção e a exportação dessa fonte de energia no planeta, monopolizando preços, tal como faz há anos e após algumas crises, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). A convocação de uma cúpula de formação ontem (dia 23), em Moscou, foi o cálice de vodka a circular nas veias da Gazprom, monopolista do gás russo.

Países como a Venezuela, comandada pelo general-presidente Hugo Chávez, a Bolívia do "grande amigo ianque" Evo Morales e o Irã, do não menos polêmico Mahmoud Ahmadinejad, fazem parte do possível grupo de 14 exportadores, que ainda contará com Argélia, Líbia, Indonésia, Catar e será encabeçado pela cabeça mais fria do grupo: a Rússia (que se leve em conta o fator clima e experiência com guerra).

A reunião dos 14 ministros de Energia dos países envolvidos deixou “todo mundo em pânico”. Brincadeiras à parte, EUA e EU já demonstram insatisfação e temor quanto a possível união. A Gazprom ressalta que não é possível seguir o modelo de cotas, no qual a OPEP se apóia, uma vez que os contratos de gás funcionam a longo prazo e o acordo entre fornecedor e cliente é que define o patamar financeiro, bem como as obrigações, ressalta o vice-presidente da estatal gasífera russa, Alexander Medvedev.

Àqueles que crêem em uma conspiração anti-estadunidense, fica a informação de que antes mesmo de assinar o estatuto nesta terça-feira, os países envolvidos já haviam se reunido em 2001, só que informalmente. Rússia, Irã e Catar detêm cerca de 50% das reservas mundiais, e por isso, coordenaram as ações para criação da organização (e não cartel, será?), que visa coordenar a política de gás, trocar informações entre membros e estabelecer ações de marketing. Após ler este trecho, lembre-se: eles não têm a intenção de tornarem-se um cartel!

O fato do transporte do gás ser praticamente realizado via tubulações, devido ao alto custo do congelamento do gás, obriga um acordo de países, mas, diferentemente do que os dirigentes russos apontam, não inibe a padronização de preços no mercado mundial, com sua cotação baseada em moeda padrão – o dólar – se esta conseguir manter sua hegemonia.

A razão das discussões encontra-se na dependência criada entre o bloco europeu e dos Estados Unidos quanto ao gás russo. Ambos procuram alternativas viáveis, como os biocombustíveis, contudo esbarram na necessidade da indústria, que utiliza do gás para a produção. As raposas treinadas na Sibéria tramam um mecanismo de controle da produção mundial, mantendo sua hegemonia e os "gasodólares", pagamento pelo líquido e volátil gás natural.

E a cada dia que passa, reafirmo minha teoria anti-naturalista estadunidense. A dieta deles não é natural, eles têm aversão aos efeitos da natureza e se não bastassem os Katrina’s da vida, há um gás NATURAL a consumir a artificial reserva financeira do país, que entra em recessão e volta aos céus, obra da natureza, para clamar por piedade. Lamentavelmente, os céus não têm ouvidos. Só nuvens e gotículas de água, naturais, tão naturais!


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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

As causas de doenças ainda não diagnosticadas estão prestes à serem desvendadas

Médico americano reúne especialistas em programa de pesquisas para doenças não diagnosticadas

O Dr. Willian Gahl desempenha na vida real, o papel do personagem central do Doctor MD, um seriado famoso nos EUA que trata de casos que ainda são considerados verdadeiros mistérios pela medicina. Ele instaurou recentemente o “Undiagnosed Diseases Program” para tentar desvendar as causas dessas doenças exóticas que têm desafiado especialistas de várias áreas.

Mesmo com todos os avanços da medicina e da genética, há ainda casos intrigantes que chamam a atenção da comunidade científica por se tratar de patologias que causam modificações, muitas vezes extremas, tanto nas características físicas quanto psicológicas dos pacientes.

As causas ainda não passam de especulações ou suposições, mas o objetivo do programa está na busca por soluções para tratamento e diagnóstico definitivo para essas pessoas. Divulgar e voltar à atenção de especialistas para estes problemas que são raros, mas dificultam a vida de muita gente pelo mundo. Dentre estas misteriosas doenças podemos destacar uma que caracteriza suposta alergia de água.
Isso mesmo! Essa rara doença foi descoberta em 1964 e até hoje não foi diagnosticada. A causa ainda é um mistério, pode ocorrer devido à resposta de algo tóxico quando a água toca a pele ou por uma extrema sensibilidade aos íons da água.

Os sintomas são manchas vermelhas que se transformam em erupções cutâneas, causando dor intensa na região ao mínimo contado com a água. Apesar de o corpo humano ser composto por 65% de água, a alergia à substância existe, mas não impede que o paciente beba água. Caso contrário, seria fatal.

Em Melbourne na Austrália, a adolescente de 19 anos Ashleigh Morris convive com o problema desde os catorze anos. Ela não pode nadar, freqüentar saunas e nem tomar banho. Mas ainda sim ela insiste em se lavar mesmo que isso lhe cause dor e coceira intensa. Nem suar ela pode, tem que estar sempre em locais com ar condicionado e carrega sempre um guarda-chuva no carro.
“Isso me faz sentir suja, mas eu me considero uma pessoa limpa”, ela diz. Os dermatologistas concordam que há associação com os níveis de histamina no sangue e que inclusive há remédios de anti-histamina, porém não oferecem nenhum resultado concreto ou que pelo menos alivie a agonia da jovem.

Estranhas doenças
As doenças misteriosas que desafiam a medicina “contradizem” até mesmo os princípios que conhecemos sobre maternidade e gestação - ou as leis da física. Há até exemplos de “Pessoas imaginárias”, ou duas pessoas ocupando o mesmo corpo. É o que relata a médica Margot Kruscall do Beth Israel Deaconess Medical Center, no estado do Massachusetts, que acompanha o problema há cinco anos.
Ela cuida do caso de Jane que teve que fazer um transplante renal e precisou de doações de sangue de sua família. Os doadores tiveram que fazer testes para saber quem teria o sangue compatível.
Foi aí que veio a surpresa. Os exames constataram que um dos três filhos de Jane não era seu filho, mesmo tendo o concebido através de gestação normal de nove meses e o tido com seu marido. Os médicos especialistas formaram uma equipe que durante dois anos estudaram o caso. Kruscall chegou a uma conclusão: Jane tem a tal ”pessoa imaginária” dentro de si, o que recebe o nome de quimera (coisas que só existem no imaginário) – nome dado a pessoas que possuem dois códigos genéticos distintos.
É como se tivesse outra pessoa no corpo de Jane. Ninguém sabe como essas “pessoas imaginárias” surgem. Mas com o aumento dos tratamentos para fertilidade e testes genéticos, muitos quimeras, como são chamados, são mais susceptíveis de se formarem e serem descobertos. Parece impossível, mas não se trata de um caso isolado. Por volta de 30 casos de “quimerismo” já foram relatados e provavelmente nenhum deles puderam saber a origem. Pesquisadores acreditam que todos temos um pouco dessa rara “patologia”. Análises mostram que o problema pode estar ligado a um conjunto de genes do complexo HLA. Mas a combinação de alelos desses genes é quase única.
A explicação mais provável é que a mãe de Jane ia conceber duas gêmeas. Porém as células embrionárias de cada uma se fundiram em um único embrião. Assim a pessoa fica com o corpo composto por duas linhas genéticas de células derivadas de um total de quatro gametas. Os descendentes podem vir com uma ou outra linha genética. Duas mães em uma.
Há, ainda, problemas que envolvem mudanças repentinas na linguagem e a forma como são pronunciadas as palavras, com é o caso da “Síndrome do sotaque estrangeiro”; Tem a "Doença de Morgellons" que é caracterizada por um suposto parasita imaginário que atormenta centenas de pessoas pelo mundo; O mistério do caso do "dedo podre", uma curiosa inflamação na qual não foi encontrada a origem mas que constrangeu a atormentou um homem de 29 anos no país de Gales. E a principal atração de show de horrores pelo mundo: a doença do "Homem-árvore".
Trata-se de uma patologia que causa deformidades crônicas pelo corpo. Quando entram para o show de horrores da grande mídia, acabam por serem esquecidos devido à descrença nos casos proporcionada pela exposição e pela falta de pesquisas avançadas sobre o assunto. Mas há casos reais e que clamam por solução científica. A causa é ainda desconhecida, mas é popularmente intitulada de “homem-árvore” devido à desfiguração que a doença trás ao enfermo.
Na cidade de Java, na Indonésia, várias pessoas sofrem dessa estranha patologia que transforma os tecidos da pele em verrugas que crescem espantosamente fazendo com que os membros do corpo tenham a aparência de galhos de árvore.
É de se impressionar , mas a causa está próxima de ser descoberta. Segundo médicos americanos, a doença pode estar ligada a combinações do HPV (papilomavírus) à condições genéticas que resultam na imunodeficiência. O que facilita o crescimento de gigantes verrugas que se espalham e deformam o corpo, dando a aparência de árvore.
Os portadores da doença, muitas vezes, não têm assistência e sem ter como trabalhar, eles vivem de doações. Necessitam de ajuda o tempo todo para se alimentar, além de outras necessidades especiais.
Dedé que estava ainda num estágio menos avançado passou por uma cirurgia que trouxe seus pés e mãos de volta, mas a doença ainda persiste.
Willian Gahl, autor do programa, diz que ao chamar a atenção da medicina para estes casos, não busca a fama como o doutor do seriado. Segundo ele, mostra o drama das pessoas e consegue “solucionar” os casos através de tratamentos duvidosos, mas que na realidade é diferente. Muitos casos não são solucionados.
O diferencial do programa de doenças não-diagnosticadas está no fato de focar os estudos nos casos específicos pesquisando com profundidade. E o atendimento ao paciente, o que envolve uma rede de especialistas em doenças raras de várias partes mundo, unida para desvendar estes mistérios.

* Cassio Teles é o mais novo editor do blog Sem Fronteiras, ocupando a redação da Editoria Ciência. O graduando em jornalismo pelo Uni-BH em questão, tem 21 anos, uma paixão declarada pela fotografia e começa sua caminhada na blogosfera, como este post.


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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pipiripau

Foto: divulgação

Sucata, papel marche e gesso. O que poderia você, caro leitor, fazer com materiais tão simples? Se fores inspirado tal como sou, por certo o resultado de tanto esforço não passaria de uma experiência mal sucedida a ser esquecida e muito bem acolhida pelo lixo.

Mas foi com esses materiais “descartáveis” que há 102 anos, Raimundo Machado de Azevedo, criou uma verdadeira preciosidade para a cultura popular mineira, o Presépio do Pipiripau. Além de recontar a trajetória terrena de Cristo - da anunciação à crucificação - o presépio reconstrói cenários interioranos, os modos e costumes mineiros no início do século XX.

Grande parte das 650 peças do presépio move-se graças à improvisação do artista, que com um motor de máquina de costura “deu vida” a sinos das igrejinhas, animais que fogem das armadilhas e tiros dos caçadores e personagens envolvidos nas mais diversas atividades campestres.

A iluminação e efeitos sonoros condizem com os cenários. Trovões e relâmpagos carregam a atmosfera na cena da crucificação e uma luz suave anuncia que o salvador ressuscitara e ressurgiria glorificado até aos céus.

A genialidade de Raimundo Azevedo, em agregar movimentos às peças e quanto à utilização de uma técnica bem particular na criação do presépio, foi reconhecida em 1984 quando o Pipiripau foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Preservado desde 1976 no Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o presépio do Pipiripau encontra-se aberto à visitação de terça a sexta as 8h às 11h30 e das 13h às 16h. Sábados e domingos, das 10h às 17h (sem movimento cenográfico). Sábados e domingos às 11h e às 15h (com movimento cenográfico).

Além do presépio, o Museu de História Natural - situado à rua Gustavo da Silveira, 1035 - Santa Inês - oferece aos visitantes íntimo contato com a natureza. A preservação de uma grande área de mata atlântica propicia que diversos animais como pacas e tucanos façam daquele ambiente suas moradas.

É, com certeza, um passeio que vale a pena. Uma excelente oportunidade de sentir o real espírito natalino.

Para maiores informações: (0xx31) 3461-5805.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Minas e seus encantos: São Thomé das Letras

História, misticismo, aventura e natureza. Repleta de surpresas, a cidade mineira São Thomé das Letras proporciona ao turista inesquecíveis momentos, que unem diversão, conhecimento e contato com o meio ambiente.

Localizada a 337 quilômetros da capital de Minas Gerais, a cidade é bastante conhecida por reunir diversas opções de lazer, como o ecoturismo, locais místicos que permitem diferentes sensações ao visitante, ladeiras em que carros sobem sozinhos, além da beleza de suas pedras, artesanato e de sua história.

Segundo a lenda que diz respeito ao surgimento de São Thomé das Letras, o escravo João Antão, apaixonara-se pela filha do patrão, Capitão Junqueira e, como a paixão não era aceita, tivera que refugiar-se em uma gruta. Após um tempo, um senhor apareceu ao escravo, pedindo-lhe que entregasse ao Capitão uma carta, e que, com esta, João receberia o perdão e ganharia a liberdade. Junqueira, depois de recebê-la, impressionado com a grafia e qualidade do papel, organizou uma visita à gruta, com a intenção de conhecer o autor da carta, mas, lá chegando, apenas uma imagem foi encontrada, que eles acreditam ser do apóstolo São Tomé.

O Capitão levou a imagem para casa muitas vezes, porém a esta sempre sumia e voltava a aparecer na gruta. Então, este resolveu construir uma capela, no local onde sempre a imagem aparecia e daí começou a surgir o povoado.

Muitas lendas como esta, podem ser escutadas pela cidade e também, outras belas grutas, como a Gruta do Feijão, Gruta do Carimbado e Pedra da Bruxa podem ser encontradas. Cachoeiras belíssimas localizadas às suas proximidades, como a Cachoeira Véu da Noiva, Paraíso, Antares e Da Lua, fazem parte dos belíssimos locais que este lugar compreende.

A Ladeira do Amendoim é um lugar muito curioso e que chama a atenção de pessoas de todo o Brasil, nesta, os veículos, mesmo que com motor desligado, continuam a subir o morro, fato este, que alimenta mais uma das lendas, a de que um grande campo magnético, em forma de diamante, existiria na parte subterrânea da cidade.

Além de tudo isso, São Thomé das Letras conta com artistas artesãos que, inspirados em todo o misticismo e lendas locais, produzem obras que envolvem a cidade. São produzidos desde objetos rústicos e outras objetos em pedra, até pequenas esculturas feitas com epóxi.

Opções para os mais variados gostos e pessoas, São Thomé das Letras é um destino que vale a pena conferir!

Mais informações e roteiros de passeios em São Thomé das Letras, confira em: http://www.visitesaothome.com.br/.

* Miriane Barbosa, 18 anos, ex-estagiária da Revista Em Foco, é a mais nova editora do Sem Fronteiras. Ela encarregará-se da editoria Turismo, que será publicada todas as sextas-feiras, e trará um toque feminino a este blog, que desde junho deste ano era escrito apenas por homens. Excepcionalmente HOJE, estréia de Miriane, não teremos post de Economia, que será publicado amanhã, também em data excepcional. A editoria Economia voltará à suas atividades e dias de publicação normais a partir do dia 23/12.

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A mineira-tchê e o mineiro-da-gema

Colegas sem fronteira, quanto tempo! E quanta saudade de escrever neste blog! Mas quem aqui já foi ou é universitário sabe que existem aqueles períodos que só complicam nossa vida, não é? Bom, o que importa é que o Sem Fronteiras está à todo vapor e com novidades bacanas, as quais espero que vocês fiquem sabendo o mais rápido possível! Falando em novidades, venho com um assunto que de novo, nada tem: as eleições de 2010. Mais especificamente a eleição do sucessor do presidente Lula.

E olha só que interessante: temos na disputa dois mineiros. Na verdade, uma mineira que está mais para gaúcha e um mineiro, que adora a vidinha carioca. Falo claro de Dilma Rousseff e Aécio Neves, ambos, juro, são de Belo Horizonte.

Podemos já dizer que as conversas sem sombra de dúvidas já começaram e as primeiras cartas já foram colocadas na mesa. O primeiro movimento dado foi o da situação, ou seja, do próprio presidente. Lula já deu a entender que sua candidata é a truncada ministra chefe da Casa Civil, Dilma "Mãe do PAC" Rousseff. Foi uma jogada esperta, mas arriscada do presidente: ao lançar o nome da ministra, Lula busca conseguir colar o nome dela na cabeça dos brasileiros até o dia das eleições. Para que isso aconteça, Dilma terá pouco menos de dois anos para se mostrar não apenas como uma mulher sisuda, mas sim sua capacidade de estratégia e liderança, algo que ninguém lhe pode negar.

Digo que foi um movimento arriscado, porque o presidente está indo para o tudo ou nada com Dilma, já que é fato que o PT não dispõe de ninguém em seus quadros que seja capaz de substituir esse mito de popularidade nunca antes visto na história deste país, chamado Lula. O que aliás, só para não passar batido, foi uma corda que os petistas foram laçando em volta do pescoço com o passar dos anos. Afinal de contas, será que eles acham que Lula é Matusalém?

Que vai ser fácil para Dilma, isso não vai mesmo! Ela está longe nas intenções de voto, bem atrás de seus oponentes em potencial. Mas meus amigos, não subestimemos o poderoso poder do marketing, que olha, já atua sobre a ministra-candidata: já notaram aí que ela largou aqueles óculos quadradões, substituindo-os por lente de contato? E o cabelo da ministra, que já foi retocado por luzes? Parece bobagem, não é? Pois é, só parece. Uma eleição é ganha nos mínimos, mínimos detalhes... Vale lembrar que o próprio Lula começou sua ascensão quando o radical operário deu lugar ao "Lulinha paz e amor."

Já nosso outro mineiro-candidato é Aécio Neves. Esse já terá o caminho um pouco mais tortuoso que sua conterrânea: o governador de Minas Gerais enfrenta resistências dentro de seu próprio partido, o PSDB, que enxerga no seu homólogo paulista, José Serra, o candidato com maiores chances de enfrentar a poderosa máquina governamental e política que o PT vai mobilizar em 2010. Enquanto os tucanos não decidem a quem apoiar, Aécio já deu seu primeiro passo: vai começar em 2009 a visistar estados do Nordeste, onde segundo as pesquisas de intenção de voto, seu nome é bastante desconhecido e figura muito atrás do de José Serra. Aécio foi esperto: esperar uma definição de seu partido seria besteira.

E mesmo se, na pior das hipóteses de Aécio, o PSDB escolha José Serra como seu candidato, o mineiro não sairá em tanta desvantagem: ele já teria feito visitas a vários estados e para todos os efeitos, apenas mudaria de partido, levando consigo uma visibilidade um pouco maior de quando entrou no páreo. Aliás, partidos cortejando Aécio não faltam. O que faz isso de forma mais explícita é o PMDB, do também mineiro Hélio Costa, ministro das comunicações. Acreditem vocês que o ministro, que é da base aliada do presidente Lula já disse categoricamente que em 2010 o partido dele dificilmente apoiará um candidato petista à presidência. Ponto. Sem mais nem menos. Ah, disse também a Aécio Neves que "o PMDB é um partido confiável", ou seja, estão de braços abertos, receptivos e calorosos para receber o governador mineiro!

Eu hein? Esse é o PMDB: vai aonde o poder vai atrás. Vem sendo assim há mais de 20 anos! Ora, todos nós sabemos que o PMDB é tão confiável quanto a Flora, de A Favorita, não é mesmo?

E os indicados são...

O ano de 2008 começou turbulento para o império cinematográfico estadunidense. Amantes da sétima arte espalhados por todo o mundo alvoroçaram-se ao saber que a festa do Globo de Ouro, considerada a prévia do Oscar, não aconteceria mais. Motivo: a greve dos produtores e roteiristas de Hollywood que ao vigorou durante dois meses e meio causando um prejuízo estimado em, impressionantes, três bilhões de dólares à economia de Los Angeles.

Se não fosse o “cessar fogo” aos “45 do segundo tempo”, o desastre poderia ser irreparável e a octogésima edição do Oscar, também cancelada. O que, graças ao bom Deus, não veio a acontecer.

Em uma coletiva de imprensa insossa nada marcada, logicamente, por smokings, vestidos suntuosos e flashs, “Desejo e Reparação” de Joe Wright foi apenas anunciado como grande vencedor da festa que aconteceria na noite daquele 13 de janeiro.

Dois mil e nove parece apresentar a mesma configuração do início do ano que se finda. De acordo com o G1, o sindicato de atores de Hollywood articula nova greve. Se 75% dos 120 mil atores associados assinalarem o “sim” nas cédulas que começam a ser-lhes enviadas pelos correios, o Oscar 2009 tem tudo para ser tão fosco quanto o Globo de Ouro desse ano.

Desta vez o Globo não corre o risco de ser cancelado já que a contagem dos votos acontecerá dias após a entrega das estatuetas. A 66ª edição da festa de premiação aos melhores do cinema e TV estadunidense já está marcada e os indicados foram anunciados ontem (11).

“Doubt”, “O curioso caso de Benjamin Button” e “Frost/Nixon” são os “papa indicações” da vez, conseguindo cinco cada um. As atrizes Meryl Streep e Kate Winslet receberam duas indicações, a primeira na categoria de melhor atriz em filme dramático por “Doubt” (que promete exaltar os ânimos da Igreja) e como atriz coadjuvante pelo musical “Mamma mia!”. Já Winslet, figurinha carimbada nos principais prêmios do cinema mundial nos últimos anos, foi indicada na categoria de melhor atriz em filme dramático por “Revolutionary Road”, que marca seu reencontro com DiCaprio desde “Titanic”, e como atriz coadjuvante por “The reader”.

O casal Pitt/Jolie tem presença confirmada na festa. Ambos estão na disputa por uma estatueta dourada. Ela na categoria de melhor atriz em filme dramático por “A troca”, ele na de melhor ator em filme dramático pelo fantástico e intrigante “O curioso caso de Benjamin Button”.

Como era de se esperar, Heath Ledger recebeu uma merecida indicação póstuma na categoria de melhor ator coadjuvante por sua atuação em “Batman - O cavaleiro das trevas”, o último filme feito pelo ator. Nada merecida e bastante contestada por grande parte dos críticos foi a indicação de Tom Cruise por “Trovão Tropical” na mesma categoria em que Ledger compete.

“Milk”, um dos favoritos a abocanhar diversas indicações, recebeu apenas uma, a de Sean Penn na categoria de melhor ator em filme dramático. Já “Austrália”, filme mais caro já produzido pelo país que empresta o nome ao longa, não recebeu sequer uma nomeação.

Os vencedores serão conhecidos na noite de 11 de janeiro de 2009.

Confira as indicações nas principais categorias do Globo de Ouro:

Melhor filme - drama:
- “Frost/Nixon”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- "Revolutionary road”
- “Slumdog millionaire”
- “The reader”

Melhor filme - musical ou comédia:
- “Happy-go-lucky”
- “Mamma mia!”
- “Na mira do chefe” (In Bruges)
- “Queime depois de ler”
- “Vicky Cristina Barcelona”

Melhor diretor de longa-metragem:
- Danny Boyle por “Slumdog millionaire”
- David Fincher por “O curioso caso de Benjamin Button”
- Ron Howard por “Frost/Nixon”
- Sam Mendes por “Revolutionary road”
- Stephen Daldry por “The reader”

Melhor atriz - drama:
- Angelina Jolie por “A troca”
- Anne Hathaway por “O casamento de Rachel”
- Kate Winslet por “Revolutionary road”
- Kristin Scott Thomas por “I’ve loved you for so long”
- Meryl Streep por “Doubt”
Melhor ator - drama:
- Brad Pitt por “O curioso caso de Benjamin Button”
- Frank Langella por “Frost/Nixon”
- Leonardo DiCaprio por “Revolutionary road”
- Mickey Rourke por “The wrestler”
- Sean Penn por “Milk”
Melhor filme de língua estrangeira:
- “The Baader Meinhof complex” (Alemanha)
- “Everlasting moments” (Suécia/Dinamarca)
- “Gomorra” (Itália)
- “I’ve loved you so long” (França)
- “Waltz with Bashir” (Israel)

Confira a lista completa dos indicados no site oficial do Globo de Ouro (Clique aqui)

BH, 111 anos

Às vésperas de um novo mandato, a capital mineira revela sensos e contra-sensos

Projetada para abrigar a sede do governo do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte surge em 12 de dezembro de 1897, denominada Cidade das Minas, nome que fora mudado devido a uma série de fatos que pareciam impedir a afirmação do local. Belo Horizonte nasceu como a primeira cidade planejada do Brasil, idealizada pelo engenheiro Aarão Reis, entre 1894 a 1897.

Construída sob o núcleo do antigo Curral Del-Rei, a Fazenda do Cerrado, a Cidade de Minas ficara circunscrita pelos limites da Avenida do Contorno, que delimitara os quarteirões de 120m x 120m, que formavam na área central, próxima da Praça Sete de Setembro, um tabuleiro de xadrez, cortado pelas Avenidas Amazonas e Afonso Pena. Não é mero acaso que as ruas do hipercentro, têm nomes indígenas ou de Estados da República Federativa do Brasil.

Hoje, a capital mineira tem cerca de 2,5 milhões de habitantes, 890 bairros e inúmeros problemas a serem contornados pela futura administração, encabeçada pelo eleito Marcio Lacerda, mero desconhecido dos cidadãos belo-horizontinos, até meados de junho para julho, quando recebera o apoio do então prefeito Fernando Pimentel e do governador Aécio Neves.
A atual adminstração mostrou-se aos cidadãos da capital, um governo de continuísmo, de centro-esquerda, que muito fez - um senso - e pouco terminou - contra-senso. A BH de Pimentel é a cidade das obras e das projeções, do atendimento e das filas, da belas fotografias e das imagens de puro esquecimento pr parte do governo.

O que você verá a seguir é uma pequena compilação de fotos, retiradas pelo editor de economia e esportes Lucas Fernandes, entre o período de agosto a novembro de 2008, que revelam o zelo e o descaso, traços nítidos e contrastantes da área central de uma das mais belas capitais brasileiras. Praças da Liberdade, Estação, Sete e o Lagoinha, são representados pela "lente" do estagiário do Jornal Impressão/ Revista Múltipla.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Demarcar a Raposa: eis a questão

A Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 60 anos hoje (dia 10), com uma decisão importante tomada pelo Supremo Tribunal Federal: a demarcação contínua da Reserva Raposa Serra do Sol, que sofre com a invasão de arrozeiros roraimenses (confira foto de indígenas em Brasília, aguardando a decisão - Agência Brasil/ José Cruz).

A decisão pode ser considerada histórica, se tomarmos apenas o depoimento do ministro relator Carlos Ayres Britto, que usa de uma citação de Einstein para justificar a ação: “é muito mais fácil desintegrar um átomo do que desfazer um preconceito; nós aqui estamos desfazendo um preconceito multisecular”.

Acompanhada da demarcação, o ministro do Supremo ainda cassou a liminar que, em abril deste ano, suspendeu a Operação Upatakon 3, realizada pela Polícia Federal como o objetivo de retirar os plantadores de arroz do local. Contudo, o ministro Marco Aurélio pediu vistas do processo, ou seja, suspendeu a seção para analisar o caso antes de declarar seu voto. Mesmo assim, com oito votos a favor e três contrários, o PF tem autorização para retirar os latifundiários do local.

Os ministros Menezes Direito e Ellen Grace foram favoráveis à demarcação, mas impuseram dezoito ressalvas (veja mais abaixo), que segundo o ministro seria a “conciliação” entre os ensejos dos índios e a necessidade de preservação ambiental.

Entre as restrições está a proibição da extração mineral e da utilização do potencial hidroelétrico da região em favor dos indígenas, a instalação de bases militares sem a necessidade de aprovação da Fundação Nacional do índio (Funai), permissão para visitações e pesquisas na reserva, vedar a ampliação da área demarcada, além de proibir caça, pesca, extração vegetal e agropecuária por outros que não sejam índios.

As restrições e a declaração do ministro Ayres Britto só reforçam a preocupação do governo com os indígenas, que por meio do Estatuto do Índio, encontram saídas legais para burlar as leis de cunho nacional, que possibilitam e levam alguns deles a cometer crimes ambientais ou, até mesmo, atos violentos contra o semelhante, seja ele negro ou branco.

Saiba mais sobre a reserva e o histórico do conflito

A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima (veja infográfico do G1), de 1,7 milhão de hectares, abriga 18 mil indígenas das etnias Macuxi, Wapichana, Patamona, Ingaricó e Taurepang, todos do tronco Macro-Jê, além de 50 famílias de agricultores brancos e oito latifundiários de arroz.

A homologação da terra ocorreu em maio de 2005, no entanto, parte dos não-índios descumpriu a ordem de desocupação em um ano e migrar para assentamentos novos oferecidos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A Procuradoria Geral da União (PGU) expediu um pedido ao governo de desocupação imediata em março de 2008, mas um grupo resistiu, permanecendo no local.

Moradores e arrozeiros incendiaram as pontes da Vila Surumu, principal porta de entrada ao local, impedindo a ação da PF. A ação chegou ao Supremo, que havia suspendido para verificação da constitucionalidade da homologação das terras aos índios.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Eis que do sincretismo surge uma nação

Análise da obra "Maíra", de Darcy Ribeiro

Por mais que pareça improvável, a união de três matrizes diversas deu origem à nação brasileira. Três povos – os silvícolas Tupis, os negros (bantos e sudaneses) e os brancos europeus – que se entrelaçam e se afastam, complementando uns aos outros em um contexto trial.

Desde os tempos da chegada portuguesa, uma infinidade de erros e desmandos foram cometidos pelos caraíbas contra os índios que nesta pátria habitavam e consolidaram sua cultura cerca de dez mil anos antes do “descobrimento”.

A obra, ao seguir a toada de uma missa, faz alusão à chegada lusitana na Terra de Vera Cruz, assim como remete à catequese que aculturou os silvícolas, submetendo-os a uma cultura monoteísta, trazida pela Companhia de Jesus.

Avá é o exemplo da heterogeneidade brasileira. Ele se divide entre a visão religiosa e os rituais mairuns. Além do mais, incorpora a identidade de Isaías, um resquício de esperança de que ele fosse tal qual o profeta, o anunciador do Cristo e, no contexto de “Maíra”, o civilizador.

A colonização foi o fator preponderante para a consolidação de um “Brasil de Contrastes”, de múltiplas identidades e ecos. Brasil este, descrito na prosa de Oswald de Andrade, ícone do Modernismo Nacional e autor dos manifestos Antropófago e Pau-Brasil, que absorveram as qualidades, deglutinando-as para enfim, formar uma verdadeira nação: homogênea e com uma identidade sólida.

Uma nação em que silvícolas, caraíbas e afro-descendentes se aceitem em prol de uma identidade nativa, de raízes firmes tais como a do pau-brasil.

* O amigo internauta não enganou-se de blog. Propomos a você, em nosso retorno ao universo da web, uma maior versatilidade, como forma de atenuar os furos consecutivos com você que nos acompanha e sabe o quão dura é a tarefa de conciliar estudos, estágios e atividades bloguistas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

We Can Change

Não sou uma pessoa politizada. Não entendo de economia. Apesar de todo o meu pessimismo e mau humor, ainda acredito no ser humano. Confesso que não acreditava na vitória do Obama. Não por não acreditar nele, mas por duvidar do povo norte-americano. Não conseguia conceber, em minha mente, que um povo tão racista pudesse eleger um negro para presidente. Acordei ontem ouvindo a notícia de que Barack Obama havia sido eleito e demorou um pouco pra ficha cair. Fiquei feliz.

Não sei, na parte prática da coisa, o que vai mudar, pra onde o mundo vai andar, se é que vai andar, se vai melhorar. Não sei se o Obama vai ou não investir no etanol brasileiro (sic), mas isso não muda minha vida. Não sei se ele vai ser a favor ou contra pesquisas com células-tronco, ou se é favorável à união civil dos homossexuais. Não sei se ele vai ajudar a consertar os problemas financeiros dos países em desenvolvimento ou se vai dar um punch nessa crise financeira que assola o mundo (embora as bolsas tenham aberto hoje em alta). Enfim.

Obama não vai mudar o mundo, mas o simples fato de ocupar a cadeira mais importante dele deve significar alguma coisa. Obama é mais que um político, ele é um ícone (presidente rockstar, como alguns disseram), o símbolo da esperança que, teoricamente, é a ultima a morrer.

Sei que ele representa, mais que tudo, uma mudança (como ele mesmo anunciava na sua campanha). E representa, acima de tudo, uma vontade de mudar, um desejo de um mundo melhor. E acredite, embora eu ache que o mundo tá acabado e que não tem mais jeito, no fundo, lá no fundo, como eu disse no começo, eu ainda acredito no ser humano e quero um mundo melhor pra viver. Vai lá Obama!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Do fundo do baú

Foto: divulgação
É incrível como alguns filmes têm o poder de marcar nossas vidas e fixarem em nossas mentes. Seja por meio de uma imagem, uma canção ou, até mesmo, um diálogo, o fato é que algumas películas nos provocam nostalgia e muitas delas fazem com que nos lembremos do passado com saudosismo de quem tem vontade de regressar a ele.

Particularmente, existem muitos filmes que se impregnaram em mim de maneira incrível. Mesmo que eles sejam reprisados duas ou três vezes ao ano, faço questão de revê-los como se tratassem de películas nunca antes vistas por mim.

É o caso de “A Fantástica Fábrica de Chocolates”, a versão de 1971. O SBT não cansa de reprisar, assim como não me canso de rever e dele tirar lições preciosas. Quem não se lembra da emocionante saga do pequeno Charlie (Peter Ostrum, hoje, o Sr. Ostrum, "bigodudo", que não lembra, nem de longe, o garotinho loiro que comoveu a todos no início da década de 70) na procura pelo bilhete dourado em uma daquelas barras de chocolate Wonka...

O que me chama a atenção em Charlie é que por mais que tudo fosse desfavorável ao sonho de se credenciar como o último sortudo a ingressar no passeio pela mágica fábrica de chocolates de Willy Wonka - sua pobreza e a concorrência desleal com crianças ricas que poderiam comprar milhares de barras até encontrarem um bilhete -, o menino cultivou a esperança até a última barra de chocolates que poderia adquirir. Sonhar e ter fé são virtudes das quais nunca deveríamos abrir mão...

Outro filme que me agrada bastante é “Corina, uma babá quase perfeita” de 1994. Além da trilha sonora que é um espetáculo - repleta de jazz, soul e o melhor da música negra estadunidense - o filme trata da questão racial de maneira sensível e delicada. Woopy Goldberg como Corina e a pequena Tina Majorino no papel de Molly, nos fazem sorrir e emocionar de maneira equilibrada no pequeno espaço de tempo de duas horas.

Em 1982, Steven Spielberg filmou uma das produções cinematográficas que marcaram época. “E.T., o Extra-terrestre” conta a história da amizade entre o menino Elliot e um ser de outro planeta. As diferenças físicas latentes entre os dois amigos não foram empecilhos para que ambos construíssem uma relação pautada no companheirismo e fidelidade um para com o outro. Mais recentemente, em 2004, Spielberg rodou outro filme que, novamente, tem as diferenças como planos de fundo, falo do magnífico e tocante “A.I. Inteligência Artificial”, onde uma máquina adquire o dom de amar.

Bem, esses são alguns dos tantos filmes que, de alguma forma e por algum motivo, são lembrados por mim, os quais revejo com prazer e interesse de quem assiste pela primeira vez.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Precisa falar mais alguma coisa?

É isso aí sem fronteira: ia fazer uma postagem falando justamente sobre o "ator" Leonardo Quintão. Ao saber desta paródia maravilhosa de Tom Cavalcante, conclui que nem 15 mil palavras conseguiriam explicar o que vídeo de 2:44m conseguiu.

Que Márcio Lacerda não é o melhor candidato, isso ele não é mesmo! Porém, não é votando no ainda pior Leonardo Quintão que vamos protestar contra a "aliança".

domingo, 19 de outubro de 2008

Dia de presentear

Atribulações. Afazeres. Correria. Rotina. Palavras que bem designam estes dois últimos meses desta equipe. Os quatro editores vêm doando-se quase plenamente, para que o projeto Sem Fronteiras continue com a força e qualidade, reconhecidas pelos amigos, parceiros e internautas, através de page views, comentários, links e indicações.

Aos parceiros Sem Fronteiras e blogueiros amigos, saibam: hoje é dia de presentear. Durante esses quatro meses e meio, ampliamos algumas parcerias e obtivemos outras, estabelecidas através de redes sociais, como o diHITT e o Orkut. Em retribuição ao carinho e crédito conferido a esta equipe, seguem abaixo alguns selos, presentes ganhos, e agora, repassados aos amigos e colegas de atividade.

Agradecemos ao Daniel Leite, do Por Dentro do Mundo da Bola, pelo selo Esfera al intelecto y la filosofia 2008. Pela qualidade de seus blogs e como forma de promover estes portifólios de grande talento àqueles que porventura não os conheçam, presenteamos o editor santista, estudante de jornalismo em Viçosa, com os selos Gentileza Gera Gentileza (ao Por Dentro do Mundo da Bola) e Um blog da Melhor Qualidade (ao Repercutiu).

Ao Gutemberg Xavier, de O Pernambucano, muito obrigado pelo selo Blog do ano, em homenagem a um ano deste belo projeto. Este selo vem a engrandecer nosso trabalho e comprovar a seriedade do nosso projeto. Esta explicação “apaixonada” pode ser suprida, e, no local, basta-nos enfatizar o título “Blog do ano 1 do Pernambucano”. Entretanto, não seria justo de nossa parte, na premiar tal projeto. Então, a O Pernambucano presenteamos com o selo Blog Mara.

Já a Rodrigo Piva, do Curiosando, que nos indicou o selo Sorte e Prêmio Dardos (que já havíamos recebido, mas que muito nos alegra receber novamente), retribuímos, não por interesse, mas em admiração ao belo trabalho por lá desenvolvido, com o selo Esse blog dá um banho. Basta dizer que Rodrigo é o número 1 no ranking de usuários da rede social de língua portuguesa diHITT.

À Letícia Castro, que dispensa comentários, por ser nossa grande parceira, amiga e jornalista admirada por esta equipe, que nos ofereceu o selo Melhores 2008, presenteamos com o selo Sorte, afinal, sempre precisamos dela (Letícia e o Babel Ponto Com menos que a grande maioria dos blogueiros). Este é mais um presente vindo de Sampa para Minas e repassado à Terra da Garoa. Este selo também vai ao Café com Notícias, do também amigo Wander Veroni, nosso top comentarista e ao Asa-da-palavra, da produtora da TV Uni, Kátia Brito.

Por fim, ao Grãos de Areia pelo Infinito, do estudante de direito Alex Lírio, parceiro que abrilhanta nosso trabalho com seus excelentes comentários, oferecemos o selo Um blog da melhor qualidade. E aos nossos novos parceiros da equipe do Blog da Comunicação, indicamos o selo Prêmio Dardos, repassado a mídias que cuidam de nossa língua e da arte de bem escrever.

A vocês, nosso muito obrigado por participarem da construção deste blog! E parabéns a todos.

sábado, 18 de outubro de 2008

Sobre Serra e a esquerda

Sem fronteiras, caros colegas, no cenário jornalístico desta semana, muita coisa sobre economia (por conta da crise financeira) e um pouco sobre as eleições do próximo domingo. Assuntos estes que ficaram em segundo plano por conta de dois acontecimentos que mexeram com o país. Os dois, no estado de São Paulo: o primeiro, o trágico desfecho do cárcere da garota Eloá e o outro, o qual quero me ater, o confronto armado das polícias Civil (PC) e Militar (PM) desse estado.

O confronto, sem sombra de dúvidas, expôs vários problemas, como o desempenho do tucano José Serra em negociar as reivindicações da Polícia Civil, em greve há mais de um mês. O governador se mostrou mais uma vez inapto à negociar com qualquer classe, da mesma forma que aconteceu com os estudantes da USP em 2006, o que evidencia cada vez mais sua forma impassível e errônea de negociador. Porém, isto se tornou um problema secundário. Porque o pior, foi ver como a Polícia Civil paulista se prestou para ser um mero joguete de políticos e entidades inescrupulosos que estavam visando a corrida eleitoral da prefeitura de São Paulo.

Sim, sabemos que os policiais paulistas são, increvelmente, os mais mal pagos do país, mas foi enojante que o comando da greve tenha acatado sugestões de marchar rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulistano, e invadir o local para assim, negociar. Porém, vem aquela inevitável pergunta: ora, se o governador responde pelas polícias, quem então sugeriu aos policiais civis fazer tal coisa? A resposta: o deputado pedetista Paulo Pereira da Silva.

É, aquele mesmo que antes de ser ganhar uma vaga no Legislativo era conhecido por Paulinho da Força Sindical. O inescrupuloso Paulinho, em dado momento disse em um carro de som: "Não adianta ficar na praça (que estava um palco de guerra entre a PM e a PC). O cara que manda está lá em cima (fazendo referência ao governador José Serra e ao Palácio dos Bandeirantes)." Felizmente, a PM conseguiu evitar que algo pior acontecesse. O governador José Serra, que embora não poderia ter deixado essa situação chegar nesse ponto, denunciou que o movimento tinha "participação ativa da CUT, que é ligada ao PT, e da Força Sindical, ligada ao PDT". E realmente tinha um representante petista na baderna: o líder do partido na Assembléia Legislativa, Roberto Felício.

O que vimos destes dois senhores é o que há de mais podre na esquerda deste país: a mesquinhagem, a intriga, a pequinês política, o desespero. Esse patético movimento liderado por Felício e Paulinho, foi uma tentativa baixa e sórdida de atingir o candidato a prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) que lidera com folga as intenções de voto. O que vimos, foi o ridículo uso de uma força policial do estado, contra o próprio estado: pessoal e armamento pagos com o dinheiro do contribuinte, sendo usados em benefício e motivos pessoais. E por falar no contribuinte, ele estava lá no meio da confusão, correndo o risco de sair ferido ou levar um tiro. Repito, tudo por conta de caprichos político-pessoais.

Tudo planejado para tentar salvar a combalida candidatura de Marta Suplicy (PT). Olha, pode ser muita coincidência, mas esse movimento terrorista-eleitoral da CUT, Força Sindical e partes da PC se assemelha ao banditismo do Primeiro Comando da Capital (PCC) em 2006, quando saíram às ruas deixando um rastro de destruição e violência pelo estado de São Paulo. Todos se lembram do pânico, do terror que se abateu nos paulistas. Opa, 2006? Eleições naquele ano também, não foi? José Serra concorria ao governo de São Paulo... Agora, 2008, Kassab, apadrinhado de Serra.... Aqueles que acreditam que me desculpem, mas eu, não acredito em coincidências.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

I Just Called 2 Say I Luv U

Foto: divulgação

Por Ricardo Lima - editor de Cultura

Tenho quatro graus de miopia. Se estou sem óculos, sou praticamente cego, enxergo exatamente um palmo a minha frente. Sendo assim, a visão é uma das coisas mais importantes na minha vida (e eu já passei por todos os tipos de problemas com ela). Daí fui assistir "Ensaio Sobre a Cegueira". Que filme bom, esse. A adaptação do livro de José Saramago é impecável. Quando eu li uma entrevista do Fernando Meireles falando sobre o filme, me chamou atenção o comentário dele de que sua maior dificuldade foi descobrir como retratar a cegueira. E eu, enquanto uma pessoa quase cega, digo que ele conseguiu, com maestria, passar para a tela grande a sensação de não ver.

Aliás, eu saí do cinema pensando exatamente isso: assistir "Ensaio..." é a experiência de não ver um filme. A alternância entre o muito preto e o muito branco é muito bem executada. As sensações de claustrofobia e mal-estar diante da visão embaçada estão perfeitas. Acho desnecessário citar que o elenco tem atuações fantásticas (até a Alice Braga, com quem eu não simpatizo muito, está bem no filme), até porque o elenco principal é fantástico. Julianne Moore, Mark Ruffalo e Gael García Bernal estão impecáveis.

Penso que o grande mérito do filme é mesmo a parte técnica, e, claro, a direção, que prende o expectador num misto de sensações e emoções. A dúvida entre rir ou chorar dos novos cegos, o desespero de não ver, a câmera solta, muitas vezes não mostrando o rosto dos atores (sacada genial, na minha opinião), ou mostrando muito de perto, passando uma idéia de busca, quase tateando a pele do elenco, como um cego de verdade faria. Roteiro enxuto, direto, sem (muitos) pudores ou frases de efeito para se salvar (coisa que bons roteiristas não precisam).

Dizem que a obra de Saramago é politizada, difícil de entender, cheia de entrelinhas (e com pouca pontuação). Assim pode-se chegar a várias conclusões sobre do que se trata o filme. Política? Preconceito? Ignorância? Talvez nenhuma delas?

Acredito que, independente da opinião sobre a obra, é quase impossível não pensar em "Ensaio..." como uma obra acima da média atual dos blockbusters. Os únicos que não gostaram do filme foram (sic) os membros da Associação de Cegos da América. Como o próprio Saramago disse numa entrevista há duas semanas, "como alguém pode criticar algo que não viu?". Pois é.

Este piloto merece voar?

Com forma de unir o útil ao agradável, e aproveitando o momento propício - dias após os quatro meses de Sem Fronteiras na web e do Blog Action Day 2008 - a equipe deste blog, por meio do editor de economia e esportes, Lucas Fernandes, traz uma nova modalidade informativa à você, internauta que nos acompanha freqüentemente, ou, que chega aqui pela primeira vez.

Eis o piloto do programa Na roda, podcasting noticioso sobre os assuntos que ganham destaque na mídia, analisados de forma leve e sucinta.

Vale lembrar que este é um piloto, e que, o programa seguirá mediante a sua vontade. Por isso, comente, critique, elogie e dê nota a esta produção. Sua participação, como sempre, é fundamental!

Confira: Na roda - O que repercute, você ouve aqui

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Opção: fome!

Postagem especial do SF para o Blog Action Day 2008

Foto: Sebastião Salgado

Ela é silenciosa e informe. Uma das piores e mais perversas mazelas mundiais surge da falta de elementos concretos que satisfaçam uma das vontades instintivas do homem e da abastança de outro mal, esse, também abstrato, mas talvez mais letal: a insensibilidade. A pobreza se faz nítida através da fome, um câncer que lateja nos terrões áridos ou em ambientes demasiadamente gélidos.

A fome campeia o mundo! Diariamente ela aflige e castiga inocentes. Sádica, ela se rejubila dia após dia, sugando gota a gota a energia de suas vítimas, até o momento em que lhes faltam forças para pedir e clamar por misericórdia. É difícil imaginar e definir esse inimigo voraz que segundo estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), atinge um em cada seis habitantes do globo terrestre. Igualmente árdua, é a tarefa de tentar estabelecer, em termos estatísticos, o desespero ocasionado por ela.

Longe dos olhos de quem possui autonomia e poder para erradicar fome do globo, latinos, asiáticos e africanos, principalmente, se vêem de mãos atadas diante do problema. Inúmeros - crianças e adultos, homens e mulheres - a cada segundo, pagam com a vida o preço da negligência dos poderosos.

Na contra-mão do que acreditava Thomas Malthus, a realidade se apresenta de outra forma. A população não cresce em progressão geométrica, tão pouco os alimentos são produzidos em progressão aritmética. A teoria, que trocando por miúdos diz que a fome é uma mal contra o qual é inútil lutar, cumpriu sua função e foi tida como verdade em meados do século XIX, hoje, não passa de uma visão extremamente equivocada.

Então, o que fazer?!? Encontramos respostas baseando-nos na falta. Falta de enxergar o outro com olhos compassivos, falta de querer fazer e deixar os interesses políticos e econômicos de lado. Falta de querer distribuir os recursos de maneira homogênea. Falta de acreditar que a solução para este mal passa pela educação, mecanismo inclusivo e capaz de nivelar os seres, colocando-os em pé de igualdade.

O fantasma da fome continuará ter o seu lugar no mundo enquanto o homem agir baseado na lei da vantagem, enquanto estiver envolto pelo malévolo mundo globalizado, onde, necessariamente, devem existir vencidos para que existam vencedores, devem existir oprimidos para que poucos se gloriem. Continuará sua matança enquanto o homem optar por ela.

E segue a pobreza, que traz a fome e gera fome - pelo saber.

Segue a pobreza, palavra comum à nossa existência. Que se faz aparente e aparenta, o quão pobres somos de espírito. O quão pobres fomos, somos... seremos? Isso só você poderá responder!

Ô gente, vem cá...

... cê tá satisfeito com a política? Hoje, a gente não vê mais gente cuidando de gente! Parece que isso não dá pra fazer mais!

Você, sem fronteira de Belo Horizonte, deve ter percebido a semelhança do meu micro-lead com o discurso do candidato à prefeitura da capital mineira pelo PMDB, Leonardo Quintão. Ironias e brincadeiras à parte, a mensagem é real: o significado desta palavrinha parece ter sido deturpado pelos nobres senhores e senhoras vestidos em seus terninhos Giorgio Armani.

Segundo o dicionário Aurélio, política é:
  • Arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos,

  • Habilidade no trato das relações humanas.

O termo política, porém, tem raízes mais antigas: vem do grego polis, que é a concepção de sociedade organizada que Aristóteles difundiu no mundo ocidental. O significado da palavra foi mudando junto com a história e os regimes de cada época: política na Idade Média era uma coisa, diferente do Absolutismo que era diferente do Iluminismo. E hoje, pelo menos no Brasil, podemos criar um novo significado, já que não preciso nem dizer que os significados trazidos pelo Aurélio não são nem de longe aplicados.

Porém, não sei qual palavra (se é que exista alguma), que definiria a política no Brasil! Convido você sem fronteira a me ajudar em alguma definição. Creio que os conceitos básicos seriam: charlatanismo barato, retóricas praticada ao extremo, falta de tato no trato ao público, difamação contra adversários, promessas insustentáveis, e... acho que só. Caso alguém se lembre de mais alguma coisa, por favor, não hesite em fazer um comentário.

O pior de tudo, é que em plena campanha eleitoral, teoricamente deveríamos ver um bonito e inteligente debate de idéias, propostas e soluções para nossa cidade. Claro, nada disso está acontecendo. Em Belo Horizonte, de um lado, um candidato que só falta pegar uma viola e começar a chorar ao pedir votos. É deprimente! E este candidato ainda tem uma trilha musical ao fundo que nossos olhos ficam até marejados!

Do outro lado, um robô sem expressão, perdido e sem rumo neste 2° turno que está começando agora a tentar plantar na população uma imagem diferente de seu adversário. Este candidato, na reta final, está tentando se mostrar como um dialogador, um eixo convergente de apoios. Ah, e por falor em nisto, tenho que fazer um adendo: este candidato, recebeu o "apoio" de vários DCE's e DA's das mais diferentes faculdades, universidades e centros universitátios. Alguém pode me explicar como um senhor que não foi em nenhum debate nas instituições de ensino superior poderia receber tal apoio? Espaço livre para os representantes dessas agremiações se manifestarem!

E mais uma vez, claro, o eleitor-cidadão sai perdendo nessa história. Ficamos nesse fogo-cruzado de acusações, propostas vazias e muitas vezes descabidas! Vou morrer batendo na mesma tecla , porque quem sabe, aos poucos, todos nós vamos interiorizando nem que despropositadamente tudo o que digo e repito: o que nós precisamos hoje aqui neste país, é de uma revisão dos valores éticos e morais, que estão totalmente deturpados. Hoje, carregamos uma corja de políticos mesquinhos, que colocam seus interesses acima do bem coletivo, como se o cargo que tivessem fosse único e exclusivamente para benefício pessoal.

Aristóteles morreria de desgosto se vivesse no Brasil, hein?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Nada de esconder a poeira debaixo do tapete


As densas névoas advindas do Oriente Médio aproximaram-se dos Estados Unidos, deixando o tempo nublado, com possibilidade de temporais e “tufões econômicos”. O governo republicano de George W. Bush, não crente no sucesso das previsões do tempo e seduzido pelo petróleo e pela vingança, entrou em uma guerra de armas e final tramado: vitória pelos ares, destruição por terra. O cidadão estadunidense acostumado com as cenas de “bang bang” assistiu de camarote ao espetáculo em sua casa própria, maior bem para a classe média deste país. Só se esqueceram de um porém: a ficção é doce, mas dura pouco.

O insucesso ante os ex-aliados Osama e Saddam, culminou junto ao problema do crédito subprime, insuflado pelo governo como forma de contornar a queda das Torres Gêmeas e a destruição de parte do Pentágono, causas da fuga de investidores, domada pela queda na taxa de juros e pela segunda hipoteca, que levaram ao consumo, a classe média dos Estados Unidos, aquecendo novamente a economia. O balde de água fria viria em seqüência, com a demasiada oferta ante a procura escassa por imóveis. Resultado: o carro ianque ao pisar no freio, viu-se desgovernado (neste trecho é admissível dupla interpretação, caro amigo).

Declarações de “tô nem aí” surgiram aos quatro cantos. Bush simplesmente ignorou as fortes correntes de ar que apagavam as já fracas chamas financeiras estadunidenses. McCain considerou o momento com “um ataque de histeria de economistas e do povo”. Lula qualificou o provável tsunami como simples “marolinha” aqui no Brasil. Sarkozy não se preocupou com a queda do PIB francês no segundo trimestre deste ano. Declarações passadas. Afinal, o tempo fechou e as línguas “soltas” de tais políticos ficaram guardadas em seu devido lugar (sem ofensas!).

A decisão do bloco europeu, tomada domingo (12), sobre a estatização ou compra de uma parcela significativa de ações das grandes instituições financeiras européias, animou o mercado, que se recuperou parcialmente das perdas da semana anterior, fora acertada e necessária. Entretanto, a garantia dos empréstimos entre bancos até 2010, o empréstimo de dólares, como sinal positivo ante a crise, e os US$ 2 trilhões, distribuídos entre 13 países da zona do euro, junto à Inglaterra e Rússia, não fecharão as feridas abertas com a crise. Uma regulação dos investimentos em nível mundial e alterações na taxa básica de juros fazem-se necessárias ao momento.

Bush, a fim de “evitar a fadiga”, também seguiu a linha européia e destinou US$ 250 bilhões à compra de ações desvalorizadas das instituições financeiras dos Estados Unidos, além de garantir novos empréstimos bancários por três anos e saldar as dívidas atuais. Eis que a grande potência capitalista vê-se contradizer seus princípios, nacionalizando parcialmente os bancos. Mesmo assim, sob forte pressão, o mercado não reagiu com se esperava e voltou a retrair, após altas de 14% na Bovespa (dia 13) e em Tóquio (dia 14), por exemplo.

O mundo está em pânico. E, provavelmente, não mais assistirá aos filmes de cowboys, loucos a traçar batalhas insanas. Pagaremos um alto preço durante pelo menos dois anos, graças às peripécias de um governo incapaz de voltar-se para si e preocupar-se com sua nação tão somente. O mundo não precisa de generais de guerra. Precisamos de administradores e políticos capazes de enxergar que a crise só será contornada com colaboração dos estados centrais, daqueles em estágio de desenvolvimento e com o incentivo à emergência de novos mercados consumidores, que poderão dar um fôlego a este corredor cansado e ultrapassado: o capitalismo.

Por isso, nada de esconder a poeira debaixo do tapete!


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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Do Japão à Venezuela

Desavenças

Ataques e juras marcaram o fim do Grande Prêmio do Japão, disputado ontem (12) no circuito de Monte Fuji. A exemplo do que aconteceu em Cingapura, Massa e Hamilton desapontaram e quem se deu bem foi, novamente, Fernando Alonso da Renault.

Após a vitória, o bi-campeão mundial declarou que, na medida do possível, ajudará o piloto brasileiro na conquista do campeonato, já que o principal oponente de Massa é o seu eis “companheiro” de equipe, Lewis Hamilton, a quem aprendeu odiar após a conturbada temporada 2007.

Beneficiado pela punição de Sebastien Bourdais, Felipe Massa pulou da 8ª para a 7ª colocação, conseguindo dois importantes pontinhos, diminuindo assim a diferença de sete para cinco pontos que o separava de Hamilton.

Punido, o francês atacou a Massa dizendo que o brasileiro fora imprudente na ultrapassagem por ele e que a atitude revelava a inexperiência de Felipe ao pilotar. Bourdais não foi o único a “soltar os cachorros” para cima do piloto tupiniquim. Lewis Hamilton, que com a 12ª colocação não pontuou, disse que Massa teve a intenção de o tocar em uma das investidas do inglês na ultrapassagem pela 5ª colocação, o que foi fator preponderante para que o mesmo rodasse na pista e tivesse anuladas as chances de pontuar.


Do outro lado do mundo...

Alternando bons e maus dias, a seleção brasileira segue a sua campanha irregular nas Eliminatórias da Copa. Depois de esbarrar diante da fraca Bolívia em pleno Engenhão, ontem (12) o Brasil desencantou e aprontou para cima dos venezuelanos.

Os jogadores brasileiros apresentaram um futebol de altíssimo nível até a metade da primeira etapa de jogo, daí em diante demonstraram que sabem usar não somente os pés, mas também a cabeça. Administraram com inteligência a vantagem de três gols conseguida nos primeiros 20 minutos de jogo e “liquidaram a fatura” no segundo tempo ao ampliarem o marcador: quatro a zero.

A partida de ontem marcou o retorno de Kaká à seleção após a operação do joelho esquerdo. O jogador do Milan tenta fugir das responsabilidades, mas é inevitável! Com Kaká em campo os “comandados de Dunga” - como diria o, também, editor de esportes do SF, Lucas Fernandes - parecem se orientar melhor dentro de campo, o que resulta em um melhor aproveitamento do grupo como um todo.

A seleção não terá muito tempo para descanso. O segundo turno da “competição” é aberta na próxima quarta-feira, quando o Brasil volta a pegar a Colômbia, dessa vez dentro de casa, no Maraca, e tenta se aproximar do líder, Paraguai que, com 20 pontos, na pior das hipóteses, não poderá ser ultrapassado nem por Brasil, nem por Argentina, que dividem a segunda colocação, ambos com 16 pontos.

sábado, 11 de outubro de 2008

Que marola que nada, presidente

Sem fronteira, carissímos, primeiramente, reitero o conteúdo do post "Entre o vermelho e laranja? Laranja": de fato, as últimas duas semanas estão sendo, no mínimo, atípicas para todos nós do Sem Fronteiras. Alguém aí mais tem a sensação de que o dia deveria ter, no mínimo, mais 24 horas? Mas, como sempre diz o mais novo membro do SF, Ricardo Lima, "a vida não é fácil para ninguém". E não é mesmo. Nem mesmo para o presidente Lula.

Nosso presidente disse no último dia 4 de outubro em São Bernardo do Campo, no ABCD Paulista, que "a crise financeira é um tsunami nos Estados Unidos, mas não vai passar de uma marola no Brasil." O fato é que a palavra usada por Lula, "marola" foi alvo de todos os comentaristas políticos e econômicos da nossa imprensa, de Carlos Alberto Sardemberg, passando por Mirian Leitão e terminando em Denise Campos de Toledo.

O que também é fato é que a crise financeira está sendo um tsunami nos Estados Unidos sim, mas não é a simples "marola" por aqui não. Mas, assunto dos posts de economia! No que eu quero me prender é que Lula, em entrevista exclusiva aos portais de internet do Brasil, disse que "vamos ter um Natal extraordinário". Segundo o presidente, os investimentos nos programas sociais e os do PACderme estão garantidos: "A decisão do governo é manter todas as obras do PAC."

Há contudo um grande porém: o presidente admitiu que caso haja necessidade, haverá cortes nos investimentos e despesas. Entenda-se por PACderme e gastos do governo. Duas constatações: as obras do PACderme, estão em sua maioria paradas. Em todo o Brasil! E para piorar a situação, outras tantas obras em andamento estão sempre na mira do TCU - Tribunal de Contas de União - que em seu último levantamento, apontou "irregularidades graves" em 13 obras: superfaturamento; contratação sem a devida licitação; acréscimo de valor contratual superior ao limite legal; e alterações indevidas de projetos e especificações.

Mais: de 89 obras do PAC fiscalizadas pelo TCU, o tribunal aprovou a condução de apenas 15! Isso mesmo, apenas 15! Em 74 havia indícios de irregularidades! É o que todos nós sabíamos desde o começo: os R$ 500 bilhões para o PAC seria alvo de cobiça, claro! Dinheiro de governo no imaginário de brasileiro é isso mesmo: "Opa, vou pegar o meu naco."

Vamos ver o que o presidente e sua equipe econômica e política fazem: assumem de uma vez que, até o momento, o PAC é mesmo um PACderme, e fecha a torneira do dinheiro. Porque ter meio trilhão de reais soltos, sem nenhum controle efetivo do que é feito com o dinheiro e com uma crise batendo na nossa porta, não me soa nenhum pouco atraente. O problema é que o presidente está usando o PAC para promover a "mãe" Dilma para 2010...

E para finalizar rapidamente, apenas uma pergunta: quem é que se lembra de alguma vez este governo cortando seus gastos exorbitantes? Não vai ser com uma "marola" que o presidente vai fazer isso, não é mesmo?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Entre vermelho e laranja? Laranja

Boa noite, caro sem fronteira! Primeiramente, gostaríamos de pedir mil desculpas pelo desfalque de postagens dos últimos sete dias. Tanto semana passada, como a que finda-se amanhã, não foram nada fáceis para nós três. Temos ficado mais nos laboratórios de informática da faculdade, terminando trabalhos acadêmicos, que assistindo às aulas. Fica aqui nosso pedido de desculpas e de compreensão a você, que já nos acompanha habitualmente.

Já diz o ditado: “O bom filho à casa torna”

Entre vermelho e laranja? Laranja. Brincadeiras à parte, semana passada tivemos a grata surpresa de que Ricardo Lima - mais conhecido como Laranja, rapaz responsável pelo layout inicial do Sem Fronteiras - e, há princípio, um dos editores do blog, mas que, por motivos pessoais, não pôde estar conosco ao longo desses quatro meses - assumirá, juntamente com André Martins (um dos bloguistas atuais), a editoria de Cultura.

Fique antenado e confira toda a irreverência de “Laranja Manson” a partir de segunda-feira (20). Esteja certo(a) de que o blog, muito tem a ganhar com o retorno de Ricardo Lima, não só em qualidade visual - já que o mesmo é um senhor desenhista - e escrita, mas, principalmente, em criatividade. Ele também não está vedado das turbulências acadêmicas, afinal, como já diria este eclético editor, “a vida não está fácil para ninguém”.

Mudanças à vista

Possivelmente no próximo mês ou, no mais tardar, em dezembro, o Sem Fronteiras passará por profundas reformulações, visando o aprimoramento de nosso trabalho. Temos nos empenhado na estruturação de um projeto jornalístico mais amplo e diversificado, que não obstante, precisará de novos editores.

Algumas alterações já podem ser observadas, como a mudança do template, ou seja, do visual do blog; a criação da seção “Outros papos” e a geração de um rol de parceiros, empresas, projetos ou blogs que apóiam o Sem Fronteiras. Além disso, esta equipe, há três semanas escreve, na condição de articulistas convidados, ao Blogueiro Repórter, da rede social de língua portuguesa diHITT. Clique aqui e confira o BR, além da nossa participação neste fenômeno de acessos e críticas.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eles precisam agradecer. Mesmo!

Charge via blog do Duke

E olha, os vereadores que conseguiram ser eleitos então... O caso de Belo Horizonte é super interessante e queria até saber se na sua cidade, caro sem-fronteira houve certas bizarrices eleitas para o Legislativo igual tivemos aqui! Na capital mineira, a Câmara dos Vereadores será composta por figuras como: Edinho do Açougue, Preto do Sacolão, João Locadora e Paulinho Motorista.

Como perguntar não ofende, lá vou eu: será que eles vão propor projetos de leis para capacitação profissional ou geração de emprego de renda? Sim, porque estas bizarras alcunhas políticas tem que ter algum significado, não?

Olha, que eu queime minha língua, mas o nível de uma sessão na Câmara de Belo Horizonte já era péssimo, agora então... Vamos esperar 2009! E é claro que vou estar por lá.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O lado bom da crise


Entre abalos e ganhos, Brasil pode atingir uma posição confortável ante a crise

Eis que a crise germinada no setor imobiliário expandiu-se rapidamente pelo mercado financeiro. O rastro de pólvora lançado aos ares, por Osama Bin Laden, com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, consumiu-se, acendendo a chama cálida da clemência. Ora, ora! Deixemos o tom formal de lado e passemos direto ao que interessa – espero que a você, caro internauta, a quem dedico algumas horas todas as terças. Das cinzas e estilhaços da crise, poderá emergir um novo Brasil, um país apto a enfrentá-la com força e acima de tudo, com competência (não é piada, amigo sem fronteira!) e sorte.

Os países-baleia ou Bric’s, jargões econômicos representativos das quatro grandes nações emergentes – Brasil, Rússia, China e Índia – chegaram a ser apontados como portadores da “síndrome do crescimento” e, por isso, não seriam acometidos pela crise iniciada nos Estados Unidos, fato inverídico, uma vez que os países centrais (ou desenvolvidos) respondem por, aproximadamente, 52% da economia global. Os primeiros impactos já são sentidos, contudo a economia brasileira apresenta indicadores de estabilidade, mesmo projetando-lhe frente a uma crise de ordem mundial.

O “crescimento tartaruga”, sinal de anos de políticas internas em constante mudança, começou a mudar no final da primeira administração Lula, com a queda da taxa de juros e superávits do PIB nacional. Só os novos tempos tardaram em relação aos outros emergentes, levando o Brasil a uma menor proporção das exportações no PIB. Hoje, talvez, poderemos comemorar tal sorte, ou azar. É que a menor dependência das exportações na economia, permitirá ao país, uma sobrevida maior que a de muitas nações emergentes e desenvolvidas.

O peso das exportações no PIB é da ordem de 14%, contra a média 40% para os demais emergentes. Os números demonstram o caráter ainda fechado da economia nacional, que pode ser um fator positivo ante a crise, minimizando as perdas. Outro fator importante são a solvência (capacidade de responder por seus compromissos com recursos próprios – seu patrimônio e/ou ativos) e liquidez (capacidade de transformar fundos, ativos, patrimônios em dinheiro rapidamente) dos bancos tupiniquins. Quem diria! Após uma história marcada por inflação, recessão e dívidas crescentes, temos agora, o que comemorar!

As labaredas do dragão da carestia carecem por visibilidade. É claro que a inflação preocupa, ainda mais em tempos difíceis, mas a cautela adotada pelo Banco Central, aliado ao fato do real não estar extremamente sobrevalorizado ante ao dólar, pode criar novamente, um clima favorável ao país, que terá o dólar próximo de um patamar aceitável (se as expectativas se confirmarem), na casa de R$ 2,50, ruim para as importações, mas facilitador para exportações.

As commodities, produtos de origem primária, serão a grande preocupação nacional, uma vez que representam 50% da pauta de exportações nacionais. Contudo, a dependência mundial em relação ao petróleo, junto a necessidade crescente de grãos para a produção de biocombustíveis e alimentação animal, permite-nos dizer que você, que trabalha horas afinco e, mesmo cansado, exausto e preocupado, prestigia o trabalho aqui realizado, pode respirar mais aliviado. Por hoje! Afinal a economia surpreende e até que se prove o contrário, está é apenas uma versão otimista acerca da forte crise que bate na porta e não pede, sequer, licença para adentrar os lares mundo afora.

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