sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Enquanto o mundo celebra na China...

(...) Um conflito envolve Rússia e Geórgia. Para entender os motivos do conflito e a situação de cada uma das partes envolvidas, o SF traz um Q&A (questions & answers) elaborado pela BBC.

A administração separatista da Ossétia do Sul vem tentando obter reconhecimento desde que declarou a sua independência do governo central, após uma guerra civil nos anos 90.

A Rússia tem uma força de paz na região, mas o governo de Moscou também apóia os separatistas.

Qual é o atual status da Ossétia do Sul?
A Ossétia do Sul tem tido um governo próprio desde que lutou com a Geórgia pela sua independência em 91 e 92, logo após o colapso da União Soviética.

Durante o conflito, a região declarou sua independência, mas ela não foi reconhecida por nenhum país.

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, prometeu colocar a Ossétia do Sul e outra região separatista, a Abecásia, sob controle da Geórgia.

Por que os ossetianos querem se separar?
Os ossetianos são uma etnia originária das planícies russas ao sul do Rio Don. Eles têm identidade e cultura diferentes da dos georgianos e uma língua própria.

No século 13, as invasões mongóis empurraram a etnia para as montanhas do Cáucaso, e os ossetianos se estabeleceram ao longo da atual fronteira da Geórgia com a Rússia.

Os ossetianos do sul querem se juntar à Ossétia do Norte, que é uma república autônoma dentro da Federação Russa.

Os georgianos são uma minoria na Ossétia do Sul, representando menos de um terço da população.

A Geórgia rejeita o nome Ossétia do Sul, preferindo chamar a região pelo nome antigo, Samachablo, ou Tskhinvali, a principal cidade da região.

O que detonou esta crise?
As tensões vinham aumentando desde a eleição do presidente Saakashvili em 2004. Ele ofereceu à Ossétia do Sul diálogo e autonomia, mas no contexto de um só Estado, o da Geórgia.

Em 2006, os ossetianos do sul votaram em um referendo extra-oficial em uma tentativa de fazer pressão pela independência completa, e segundo as autoridades da Ossétia, a maioria esmagadora da população o fim da união com Tblisi.

Em abril de 2008, a Otan disse que a Geórgia poderia no futuro vir a ser um membro da aliança militar - o que irritou a Rússia, que se opõe à expansão da Otan para o leste. Semanas depois, a Rússia reforçou os seus laços com as regiões de Ossétia do Sul e Abecásia.

Em julho a Rússia admitiu que seus caças entraram no espaço aéreo da Geórgia, na região da Ossétia do Sul. Confrontos antes esporádicos se escalaram, até que, segundo informações não confirmadas, seis pessoas acabaram mortas por projéteis de forças georgianas.

A Rússia poderia se envolver diretamente numa guerra?
A Rússia insiste que tem agido como uma força de paz na Ossétia do Sul e nega as acusações de que vem fornecendo armas aos separatistas.

No entanto, Moscou já prometeu defender os cerca de 70 mil cidadãos russos que vivem na Ossétia do Sul.

A Rússia pode interpretar uma intervenção militar como uma opção menos arriscada do que reconhecer a independência da Ossétia do Sul, o que poderia levar a uma guerra com a Geórgia.


As ligações da Geórgia com a Otan podem influenciar este conflito?
O presidente Saakashvili fez da entrada na Otan uma de suas prioridades. A Geórgia tem um relacionamento próximo com os Estados Unidos e vem cultivando vínculos com a Europa Ocidental.

Há quem diga que Saakashvili espere levar a Otan a um conflito com Moscou, de forma a formalizar a aliança.

Mas analistas dizem que é difícil imaginar que a Otan se deixe arrastar para um conflito com a Rússia por causa da Geórgia, depois de ter se esforçado para evitá-lo por tanto tempo.

2 comentários:

LETÍCIA CASTRO disse...

Lucas, sweetie, parece que eles estavam esperando a cortina de fumaça olímpica para deflagrar o conflito, não é? Estratégia mais que manjada.
Agora é brincadeira notarmos a dureza de algumas nações que simplesmente não alcançam harmonia étnica e de interesses. Essas regiões sempre estiveram lutando entre si, parece uma queda de braço interminável. A inconstância dos ânimos humanos é inerente, mas em países como o Brasil, há um assentamento ideológico em torno de uma proposta. Imagine se cada estado desse país, que é uma colcha de retalhos de tesouros, resolvesse começar a travar disputas em nome dos bens internos de cada um? São conceitos que alguns povos ainda não alcançam.
Parabéns pelo post!
Beijão carinhoso pra vc e para a equipe toda!
Letícia.

Guilherme disse...

Lucas,

Esse conflito, assim como inúmeros provenientes da ex-URSS não tem data pra acabar. O presidente russo, Dmitri Medvedev e o primeiro-ministro Vladimir Putin estão prestes a reestabelecer o resgaste dos tempos de Guerra Fria. Ano passado, os russos financiaram a Venezuela com armamento moderno e por valores abaixo do mercado. E eles vêm com esse discurso hipócrita de que não estão subsidiando o confronto separatista.

Como a internauta acima disse, eles fizeram algo manjado demais. Escolher justamente a época das Olimpíadas. Tosquice!!

Até breve.

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