terça-feira, 23 de setembro de 2008

Medo de montanha-russa?


Interligado à natureza humana, o medo nasce de aversões que nosso cérebro cria, a fim de se distanciar de elementos que lhe causam estranheza. Visitas aos parques de diversão são momentos em que as angústias se afloram. Onde a criança, desde cedo, passa a cultivar as reações ante ao perigo de vivenciar alguns momentos e, depois, a atordoa-se ao relembrá-los. A montanha-russa, brinquedo banal a uns e temível a outros, não mais assusta crianças e jovens, que liberam a adrenalina e curtem loucamente o sobe e desce frenético. Pais, mães e assalariados, eis que vocês são vítimas! Não reprimam seus medos. Permaneçam e leiam atentamente a postagem.

O vendaval de nome subprime arrasa economias pelo planeta. As mais vulneráveis às oscilações, ou seja, as frágeis e dependentes do mercado externo, tendem a sofrer mais que as outras nações com a força das rajadas de vento, causa pela instabilidade do setor imobiliário estadunidense. Esta fez com que os consumidores não pudessem vender seus imóveis e assim, perdessem poder aquisitivo, esfriando a economia ianque. O cada vez mais escasso dinheiro em circulação levou alguns bancos à falência, pela enormidade de dívidas. No Brasil, brisas já podem ser percebidas! Afinal, sempre estamos em todas: as crises.

O caro amigo terá, agora, a resposta para seus medos! A montanha-russa gerada pela crise imobiliária, responsável direta pela queda vertiginosa do dólar no primeiro semestre de 2008, aliada ao período de eleições nos Estados Unidos, fez com que as bolsas de valores desse país oscilam-se e deixassem o mundo em pânico. O sobe e desce levou ao mal-estar de Ban-Ki moon, secretário geral da ONU, que pediu aos membros participantes, uma liderança em caráter mundial, que consiga articular países em torno de uma mobilização econômica ante uma possível crise mundial.

O novo capítulo do sobe e desce desenfreado ocorreu hoje (23). A resistência congressista em aprovar o pacote anti-crise, proposto por George W. Bush, arrastou as bolsas mundiais para baixo, fazendo com que a Bovespa acompanhasse a queda. Para o fundo do poço foram as ações da Petrobrás, líder dentre as ações da Bolsa de Valores de São Paulo. A fuga de capital acontece, devido aos fantasmas do mercado internacional, que fez das ações da petrolífera nacional e da Companhia Vale do Rio Doce, papéis de expectativa futura.

O fundo estadunidense pretende injetar mais de US$ 700 bilhões na economia, para que seus mecanismos voltem a girar através do consumo, 70% do que é arrecadado no país. Contudo, detalhes como a viabilidade do plano, não foram analisados. Os rombos nos cofres públicos preocupam ainda mais, uma vez que o alarme tomou proporções mundiais, e valores passam a ser mero fator de estímulo ao consumo, e, não mais, solução para o combate à crise. Reestréia “O Pânico”. As fábricas fecham às portas e os ricos também choram! Eis um final mexicano com tempero americano!

A recessão nos Estados Unidos, período de queda na produção econômica de um país, dá seus primeiros suspiros ofegantes. A UTI – Unidade de Tratamento Imersível – das potências aguardava ansiosa à espera de seu paciente mais ilustre, avesso às profundezas da submissão. Resta saber quantos SAMU’s serão necessários para mover os pacientes restantes, vítimas de uma montanha que há tempos deixou de ser russa ou estadunidense, e passou a ser brasileira, britânica, japonesa, alemã, sul-coreana, chinesa, sul-africana...
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5 comentários:

Willian Araújo disse...

Engraçado que o medo muda de acordo com a situação financeira. Durante muitos anos os USA lutaram contra o comunismo e socialismo e agora tem que adotar posições de intervenção na economia...isso merece um clichê: o mundo dá voltas

Daniel Silva disse...

O que acontece com os EUA mostram a fragilidade desta forma de economia, que visa unica e exclusivamente o crescimento especulativo.

E justamente esse poder especulativo se virou contra si, pois todas as ações do mundo estão em queda.

Modelo que não ajuda a humanidade e tem que ser revisto.


Bons textos, bom blog.

abraço.

Wander Veroni Maia disse...

Só quero ver até aonde esse protecionismo americano irá conseguir salvar essa crise. Adorei a alusão com a montanha russa: ficou ótimo!

Abraço,

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http://cafecomnoticias.blogspot.com

All3X disse...

Ficou bom mesmo a alusão com a montanha russa, efeito que está acontecendo principalmente nas bolsas de valores ao redor do mundo, com vertiginosas quedas e subidas.
O modelo de economia adotado pelos EUA se mostrou frágil, e o pior de tudo, vamos todos juntos nessa montanha ladeira abaixo...

All3X

Guilherme disse...

Concordo com o internauta acima. Ótima alusão a montanha russa. Outro ponto que observo e que surpreendente: sua capacidade de manter uma análise atual durante longos tempos!

Hoje acordei e vi a reunião do bloco europeu, que em decisão conjunta, resolveu comprar ações de instituições financeiras, quase estatizando-as.

Essa é a resposta a Ban-Ki moon, que pedia por lideranças mundiais. Sarkozy parece-me uma delas.

Creio!

Em queda vertiginosa pela página. Até.

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