terça-feira, 17 de junho de 2008

"Volta, vem viver outra vez ao meu lado"

Brasília chorara dias e noites pelo boêmio presidente que partiu e quase 42 anos depois, vê naquele que um dia fora torneiro mecânico, entoar o canto alegre e vivaz de “Volta, vem viver outra vez ao meu lado”, de Dolores Duran. Contudo, há aqueles que responderam à altura com o cântico: “CPMF, a que me tens de regresso”. Prefiro trazer ao internauta, um diálogo do cronista José Simão. Segundo o jornalista, Lula foi a uma sessão espírita e perguntou – “CPMF, você tá aí?” – e do além, veio uma voz de – “Tôôô!!!”

Se o Brasil é o país da piada pronta, eis uma nova e reencarnada, a CSS (Contribuição Social para a Saúde). O novo imposto traz os velhos moldes do tributo derrubado pelo Congresso, em dezembro de 2007 e criado na gestão FHC, sob a alegação de dar um upgrade na saúde, mas que permeou por várias pastas. A diferença entre os tributos será o fato da atual contribuição apenas incidir sobre os trabalhadores que movimentarem quantias acima de R$ 3.038, sob a nova alíquota (taxa) de 0,1% e não mais de 0,38%.

Ora, o imposto aprovado semana passada pela Câmara não caminha só. No passeio pelo bolso do trabalhador, o tributo traz o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), seu amiguinho de escaladas! Pena que as contribuições não falam, para pedirmos carona nessa subida! Bem, este imposto conta, desde janeiro, com um acréscimo de 0,38% sobre compra de imóveis, crédito parcelado, financiamento, operações de seguros privados de saúde, cheque especial e outras operações cuja alíquota era nula.

A heróica vitória do Congresso, derrubando no Congresso a Medida Provisória que daria continuidade da CPMF até 2011 não trouxe vantagens ao consumidor, como se esperava, afirmou a FGV (Fundação Getúlio Vargas). Seu impacto médio de 1,61% sobre os produtos, que representaria R$ 190 de economia/ ano. Maior que a taxa de 0,38%! A razão era seu efeito cascata. Explicando melhor, um produto taxado é negociado e se transforma em outro produto que adicionava novamente a alíquota.

É esse efeito cascata que continua a açoitar o trabalhador, você ou aqueles que o mantém. E pior, ele trouxe a inflação dos alimentos. Aí, vieram os comandados de Lula afirmar que não houve redução de preços com a falecida. A declaração quase apocalíptica do Ministro da Fazenda, Guido Mantega escorregou como manteiga, suave e deliciosa no ego oposicionista.

O governo alega necessidade de novos recursos para a saúde. Caso a falecida estivesse em vigor, R$ 40 bilhões entrariam para os cofres federais, sendo que cerca de 70% do montante seriam arrecadados por meio de pessoas jurídicas. Já com a CSS espera-se R$ 10 bilhões. Mais outro número: com a defunta, os impostos chegaram a representar 36,08% do PIB, em 2007. Mais de 11% de elevação em 10 anos.

Agora pergunto a você internauta: uma maior concorrência não traria preços mais amistosos ao seu bolso? Será necessária a criação de mais um tributo? Bem, se pensas que sim e queres imposto, ai que desgosto! Nada melhor do algo “Contra seu salário”! E assim segue a economia, mia, mia! Queres um lenço para melhor chorar?
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6 comentários:

Anônimo disse...

Sim, gostaria de um lenço para chorar.
Ó, como é duro ser tupiniquim.

Unknown disse...

Caro Lucas,

Provastes que economia pode ser comentada sem jargões complexos e mal explicados, E não obstante, fazes isso com um humor, que ao que parece, lhe é peculiar.

Outro ponto que quero ressaltar é a conexão harmônica que estabeleceu com o texto do editor de política, sobre a CSS.

Mostraste coerência com sua proposta. Parabéns novamente e saiba que serei um leitor assíduo do SFW.

Guilherme disse...

Lucas,

Vc tá botando pra quebrar em economia!! Se o José Simão disse: o Brasil é o país da piada pronta, Vc nos traz toda semana as melhores da economia.

Ei, Meu pai pediu um lenço pra chorar!!

This post is the best!!

Anônimo disse...

É Lucas, Se passa no senado, Eu posso garantir que o viúvo da falecida Sra CPMF não ficará tão satisfeito, afinal os muitos assalariados mínimos deixarão de contribuir com os cofres "públicos".

Anônimo disse...

Só não entendi o porquê do estilo prosaico e um pouco do português da "Terrinha".

Mas com certeza não quero outro imposto.

Anônimo disse...

Só não entendi o porquê do estilo prosaico e um pouco do português da "Terrinha".

Mas com certeza não quero outro imposto.

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