sábado, 21 de junho de 2008

Bagdá é logo ali.

Se você já sentiu alguma vez dó de como vivem hoje os iraquianos, que tiveram seu país invadido e que passa hoje por uma situação sectária, ou simplesmente imaginou que é impossível viver em um lugar com tanta violência, mortes, explosões e um total desgoverno, está na hora de parar de pensar assim.

Ainda mais se você é patriota, solidário ou (pior ainda), carioca mas não vive lá, está na hora de se perguntar o seguinte: “Como é possível viver no Rio de Janeiro”? Tudo, mas absolutamente tudo que foi dito sobre o Iraque – violências, mortes, explosões, desgoverno – se aplica à capital fluminense. Até uma invasão eles têm: a dos traficantes, verdadeiros administradores do Rio.

Nessa última semana, mais um episódio deu mostras de como a já chamada “Cidade Maravilhosa”, perdeu seu charme e seu brilho há muito tempo. Tom Jobim jamais conseguiria compor outra música enaltecendo sua cidade, dada a atual situação.

Quando veio a público que soldados do exército entregaram três jovens inocentes, erroneamente confundidos com bandidos à uma facção do morro rival daquele que os rapazes moravam, o que devia ter acontecido imediatamente era o seguinte: uma resolução do Conselho de Segurança da ONU solicitando imediata intervenção na cidade. Foi o cúmulo do absurdo. Mais uma mostra da guerra civil silenciosa que acontece aqui, do lado. Nada de Oriente Médio. Em 30 minutos, de avião, chega-se em um campo de guerra.

Se nem mesmo o Exército, a força militar maior do país, que está instalado nos morros para garantir segurança e que as obras do PAC(derme) sejam levadas à cabo está dando conta do recado, pelo contrário, está piorando a situação, o que faremos? O que deve ser feito? Parece uma guerra perdida. As mortes violentas superam em número as mortes de civis iraquianos.

Mas o que é feito? Nada. Em absoluto. Assassinatos, incursões de milícias, tráfico de armas, de drogas tornou-se comum. Quando vemos algo na mídia, não temos nenhuma reação. Afinal de contas, tudo o que é banal, torna-se desinteressante aos nossos olhos e ouvidos. Para efeito de comparação, nas últimas semanas Londres estava vivenciando uma série de assassinatos envolvendo jovens. Eles eram tanto os que cometiam os crimes, com facas, como também as vítimas. O efeito desses assassinatos, levou a população a pressionar o primeiro-ministro Gordon Brown para que medidas fossem tomadas. Rapidamente, uma nova política de amparo, conscientização e apoio ao jovem foi proposta pelo premier britânico, sabendo que caso não atendesse a população, seu já fraco governo sofreria um imenso revés perante a opinião pública.

O próprio novo prefeito Boris Johnson, ganhou as eleições na capital britânica aproveitando-se da situação que estava começando a fugir do controle do ex, Ken Livingstone.

Aqui? Estamos inertes. Ver traficantes ordenando o fechamento do comércio, escolas, impondo toque de recolher é normal. Ver o aliciamento de jovens e crianças no mundo negro do comércio de drogas é normal. Ver crianças matando, a mão armada, assaltando turistas e cidadãos à plena luz do dia é normalíssimo. Faz parte da paisagem urbana da cidade.

E o governo? Não vai bem. O desgoverno? Mandou “aquele abraço”, como diria Gilberto Gil. O governador Sérgio Cabral até parecia ter boa vontade, mas hoje mostra-se incapaz de combater o que é de longe, o maior problema da cidade. Ajuda do governo federal? Sim, até que há. Vai adiantar? Não. Um dia, quando o Exército ou a Força Nacional de Segurança sair dos morros, tudo piorará. Os traficantes escondidos (se é que algum ainda tem medo) sairão de suas tocas para mais uma vez, controlarem seus pequenos reinos.

O que é mais frustrante é ver como isso é possível de estar acontecendo dentro de um país que pleiteia vaga em Conselho de Segurança, que possui uma das maiores economias do planeta, num país que é promessa para as próximas décadas e o que é pior, na cidade que pleiteia ser a sede das Olimpíadas de 2016. No Iraque, a situação é compreensível, embora não aceitável. Se bobear, em 2016, a Bagdá do Iraque estará mais segura do que a nossa.

É necessário que medidas urgentes sejam tomadas, não para sediarmos nada, pois o Rio e o Brasil pedem medidas para agora, para ontem. O caminho não é fácil – a corrupção de parte do efetivo das polícias e dos políticos, agravam a situação do Rio, mas isso não pode ser um entrave para que sejam feitas as devidas tentativas.

Gilberto Gil que me desculpe, mas o Rio continua tudo, menos lindo.

3 comentários:

Wander Veroni Maia disse...

Oi, Lucas!

Vc me enviou o convite para entrar no seu blog e cá estou. Mto bacana os conteúdos abordados por aqui e o mais interessante ainda é ver que vc consegue mesclar a opinião com a informação, de forma muito segura. Parabéns pelo blog!

Essa questão do Rio, do Iraque, enfim me preocupa muito, pois mostra, pelo menos do lado brasileiro, o qto a nossa população está se desinteressando por política e despeja nela uma total descrença.

Estamos num ano de eleições municipais e os nossos legisladores ficam apavorados em saber que uma coisa tão simples qto o voto pode tirar mta gente ruim de dentro do nosso legislativo. Pensar em política é viver em sociedade.

Gostei mto do final do seu texto. Vc fechou com chave de ouro.

Abcs,

=]
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http://cafecomnoticias.blogspot.com

Anônimo disse...

Querem minha opinião? O Rio está perdido! Já podem trazer a ONU!

Anônimo disse...

O Rio tá perdido??? e o resto do Brasil também...estamos vivendo um momento impar de violência e corrupção...
http://estrondo.wordpress.com

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