Era por essa honraria, sir, concebida pela Soberana britânica, a rainha Elizabeth II, que Robert Mugabe, ditador do Zimbábue foi reconhecido internacionalmente. Quando ganhou o título da Coroa britânica em 1994, Mugabe era um daqueles que havia lutado pela independência da então colônia britânica e seu trabalho foi merecedor de elogios, com grande respaldo internacional. Até hoje na África, Mugabe ganha elogios de vários líderes africanos pela forma que levou seu país à se tornar uma república.
Hoje, porém, a situação se inverteu - para começar, Mugabe (foto), não é mais sir. A própria monarca retirou o título de cavalheiro por orientação da chancelaria britânica. Mas isso, é de longe, o menor dos problemas.
A perda do título, foi um capítulo simbólico pelo qual passa hoje o país africano, que somente agora, depois de meses de denúncias que relataram violência, abuso de poder e assassinatos têm sua devida atenção da comunidadfe internacional, que parecia ignorar, e que de certa forma ainda ignora, o caos generalizado que assolou no Zimbábue. Cerca de 86 partidários da oposição foram mortos (oficialmente).
Mugabe está no poder há 28 anos, e segundo o mesmo, "só Deus" o tira da presidência. Contraditório. O ditador de 84 anos, disse em 2005 que só deve deixar o poder quando atingir um século de vida. Que Deus o tire antes dos 16 anos restantes.
Depois de sucessivas reeleições, Mugabe vêm conseguindo se estabelecer no poder. Mas as eleições desse ano, mostravam que o oba-oba iria acabar. Passando por uma crise econômica aguda, com inflação superior a 150000%, sim, 150 mil por cento e taxas de desemprego na casa dos 80%, a população parecia dar sinais de que o escolhido para no mínimo amenizar essa crise, seria o líder da oposição Morgan Tsvangirai, do partido MDC, vencedor do 1º turno das eleições. Mugabe, do Zanu-PF, porém, é aquele pior tipo de ditador: apegado ao poder, não se importando o quão sofrida esteja a situação de seu povo, que segundo ele, ama e os ama e que mesmo sofrendo duras sanções internacionais, não se deixa abater.
Sobre essas sanções, Mugabe diz que elas são as responsáveis pelo estado de calamidade pelo qual passa o país. Quase uma mentira completa. As sanções de fato atrapalham a economia do país, mas o governo é descaradamente corrupto, e o já pouco dinheiro que o país consegue produzir, fica concentrado nas mãos do ditador, que o controla conforme sua vontade, favorecendo a si próprio e aos seus aliados. Outro problema enfrentado, é a escassez de comida, que normalmente já afeta vários países africanos, mas a situação do Zimbábue é desesperadora: estimativas da ONU revelam que a colheita desse ano irá atender apenas 1/4 das necessidades do país. Ou seja, fome. E não há motivo maior para que conflitos internos, fora os já existentes, surjam na ânsia por alimentos. Guerra civil.
E hoje, na votação, nenhuma perspectiva de mudança. Depois de boicotar a corrida presidencial, por causa da violência que seus partidários vinham sofrendo, Tsvangirai pôde de fato mostrar ao mundo o que vinha denunciando na sua campanha: o medo instaurado nos eleitores, outra tática típica dos ditadores. A intimidação foi a tônica da votação - relatos de observadores internacionais dizem que milícias leais à Mugabe fizeram incursões no interior do país e na capital para que o MDB não fosse votado. Para que a "norma" fosse cumprida, essas milícias estariam obrigando os eleitores a colocarem o número do título de eleitor na cédula, para que os que votassem contra Mugabe fossem procurados depois. Inacreditável: praticamente escrever seu nome na cédula de votação, numa clara mostra do anonimato do voto não ser respeitado.
Aqueles que, não votaram mesmo coíbidos pelas milícias podem sofrer duras represárias: simpatizantes de Mugabe estão marcando o dedo daqueles que votaram com uma tinta vermelha no dedo. Muitos votaram pelo medo, pois andar pelas ruas sem o dedo marcado, era sinal de um voto que não foi dado à Mugabe. Inimaginável isso acontecendo em pleno século XXI, e a comunidade internacional se mostrando apática (até hoje) e inerte. Hoje, o G8, em reunião no Japão, disse que não reconhecerá o resultado da eleição, que terá Mugabe como vencedor e que novas sanções estão sendo pensadas.
O Zimbábue porém, não precisa de mais sanções. Essas sanções, dão cada vez mais força à Mugabe e prejudicam não ele, mas sim a população que acaba tendo que viver em plena miséria, sem recurso à nada, sem ajuda de ninguém, mas somente enfrentando a bizarra tirania de um ditador que realmente, só sairá do poder, ao que parece, quando atingir 100 anos.
5 comentários:
Realmente a situação dos países africanos não é nada boa. Não consigo imaginar um país com um indice de inflação de 150 mil por cento e com 80% de desempregados.
Gostei muito do post.
Acho que temos que ter mais informações sobre o a região que sediará a próximo copa do mundo antes que a nike chegue por lá.
Ótimo post meu caro!
E concordo com o usuário Tollen - temos que conhecer melhor essa região ainda esquecida e abandonada.
naum sou o vibrante n, heheheeh!
ou, inimaginável uma inflação de 150 mil por cento!
sem noção! o mundo tem que ajudar o zimbábue, e não impôr mais sanções!
O mundo está de cabeça pra baixo mesmo! E juro que não sabia mesmo da situação do Zimbabue!
Ótimo blog esse.
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