quarta-feira, 9 de julho de 2008

A terra de (todos) os superlativos


Faltando exatos 30 dias para os Jogos Olímpicos de Beijing, o Sem Fronteiras começou ontem um raio-x dos anfitriões – a China.

O eterno país de Mao Tsé-Tung é destaque por ser o lugar dos superlativos, todos os possíveis.

Com essas olimpíadas os chineses estão tentando vender ao mundo uma nova idéia de seu país, mostrando todo seu vigor e grandeza. Porém, jamais poderão esconder, dentre seus superlativos, um não tão bom: o forte controle do Estado em todos os setores do país – cultura; religião, ou sua falta; economia, e um bastante interessante: a política.

Tudo bem, até podem pensar que estou ‘puxando sardinha pra minha editoria’, o que de fato pode até ser verdade, porém, a política interna da China é no mínimo, peculiar.

Na China, até as conquistas econômicas (citadas ontem aqui no SF) que não foram poucas, são controladas pelo governo. Por governo, entenda-se pelo Partido Comunista chinês. Uma economia de mercado, um capitalismo selvagem que é o deles, controlado por mãos comunistas. Mais peculiar que isso, somente as gírias futebolísticas do nosso presidente!

Embora o país tenha passado por profundas mudanças nos últimos 30 anos, depois da morte de um Mao, o Zedong em 1976 a China, começou a reformar seu socialismo, que já dava sinais de esgotamento. De lá para cá, muita coisa mudou, menos a hegemonia do chamado PCC. Por favor, não confunda com a hegemonia de outro PCC. Mal de sigla, creio.

A face mais cruel do PC chinês veio à tona em 1989, numa manifestação estudantil pró-democracia. A manifestação foi reprimida por tanques e fuzis. Na China, o PC proíbe muitas vezes ainda pelo uso de força bruta manifestações de qualquer natureza. Nenhuma delas, porém, proveniente de sindicatos, ou oriundas de greve: ambos são proibidos.

Se tudo é proibido então, uma eleição para um novo governo pode mudar isso, certo? Errado, é claro! Embora a constituição diga que o poder da República Popular (sic) da China seja do povo, até as eleições são passíveis de desconfiança. Lá existe o chamado Congresso Nacional do Povo, aonde foram eleitos os que seriam nossos deputados em cada um dos cantões (estados). Esses deputados, reunidos, discutem a agenda nacional e internacional chinesa e são os responsáveis pela escolha do presidente, que se dá a cada cinco anos.

Coincidência ou não, todos escolhem sempre o indicado do PCC, que desde sua fundação ocupa o posto de Chefe de Estado. Oposição? Sim, na teoria existe. Mas todos esses partidos, com cadeiras no Congresso existem para endossar as políticas do governo, muitas delas conhecidas: pela política de planejamento familiar, que visa estabilizar o crescimento populacional, há denúncias de abortos e esterilizações forçados.

Outra área que sofre intenso controle estatal é a mídia. Beijing limita o acesso às notícias dadas por veículos estrangeiros restringindo o uso de satélites receptores. Sendo assim, a China vê o mundo sob a ótica do PCC. Até mesmo o gigante Google teve que se adequar a regulamentação e ao controle das autoridades e restringir seus conteúdos de busca disponíveis. Se tiver o privilégio de ir aos jogos em agosto, tente digitar “Tibet” em algum computador. Não conseguirá absolutamente nada.

E é sobre o Tibet e a conturbada política externa chinesa que iremos discutir na sexta-feira. Até lá!

10 comentários:

Anônimo disse...

A China é uma terra de múltiplas contradições, mas não deixa de ser uma terra encantadora!

Belo post. Belo blog.

Anônimo disse...

Parabéns pelo post: maravilhoso!
Isso é China, meus caros.
Um país, ao meu ver, encantador mas com suas mazelas que o PCC finge não ver.

Camila Paulos disse...

A China é um lugar estranho. Sempre que o nome me vem à cabeça lembro que eles têm uma cultura gastrônomica horrenda, matam bebês do sexo feminino para poder tentar a "sorte" de ter um garotinho e claro, as opressões contra às manifestações populares, como recentemente aconteceu no caso do Tibet.

Espero que esses jogos olímpicos em Pequim mude um pouco o conceito que eu tenho da China.

Anônimo disse...

gostei da foto do cabeçalho!
parabéns!!

Anônimo disse...

aê Lucas, obrigado pela visita ao Blog do Bloc, já te respondi lá, no tópico sobre o Clássico-Rei.

Parabéns pelo blog.

Fernando Gomes disse...

Cara, muito obrigado pela contribuição lá para o quadro histórias de música..
darei uma pesquisada, se os fatos realmente procederem posto lá nas próximas semanas..

se quiser, visite meu blog mais vezes.

abraço

Renata Medeiros disse...

Esse blog é muito bom!
Gostei, li outros posts, pra ver se o negócio era sério mesmo e enfim...todos muito bem escritos, português excelente e o melhor informação.
^^
mandaram bem!

Anônimo disse...

Fala meu chapa!

Parabéns pela postagem: sua ironia sempre cai bem nos posts. Na verdade, no dia-a-dia correto? Hahahahaha!
Fui à China 1x e me lembro muito bem de muitas coisas que você disse, como o acesso restrito a internet: chega a ser bizarro!

Abraços!

Gustavo Ganso disse...

É um ótimo blog este, com várias matérias interessantes e pertinentes.

Essa história da China e Tibet me parece enrolada, me lembra "uma verdade inconveniente" do Gore, que em nenhum momento faz uma crítica ao consumismo americano. Ao mesmo tempo em que americanos criticam a China, com seu país ocupando o oriente médio.

Sentam no próprio rabo a apontam o dos outros.

até
Gustavo Ganso

Hugo Henrique disse...

POstagem perfeita!
MOstra que voce tem visão!
CULTURA SEM FRONTEIRA!!!

Parabéns!!

Eu sou capitalista, até apoiaria um socialismo, mas esse da China é sem noção! Me avisa quando postar o lance do tibet? *___*

{AnsiOso!!}

AbraçãO!

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