Ontem (2), na minha rotineira zapeada pelo mundo dos blogs, encontrei um post com o poema “Uma mártir”, do francês Charles Baudelaire. Achei-o interessante, principalmente a semelhança lingüística que o autor estabelece com a de um dos meus contistas favoritos: Edgar Allan Poe. Foi aí que me lembrei de suas obras, que me proporcionaram leituras agradáveis durante o meu Ensino Médio. Hoje quero falar um pouco a respeito de Poe, um talentoso e genial escritor, ícone da literatura estadunidense, que muitos nunca, melhor, sequer ouviram falar.
Tempestuosa e turbulenta: talvez essas sejam as melhores palavras que traduzam a vida de Edgar Allan Poe. Filho de atores escoceses-irlandeses, o garotinho, com pouco mais de um ano de idade, é - juntamente com a mãe e um irmão pequeno e doente - abandonado pelo pai. No ano seguinte, Edgar perderia a mãe, que aos 24 anos, fora ceifada pela onda de tuberculose que varria o mundo, em meados do século XIX. Poe, ao ser acolhido por um abastado casal escocês, receberia mais que o amor incondicional de seus pais de criação. Recebera uma educação sui generis.
Quando jovem, a personalidade boêmia e inconseqüente (imersa nos vícios dos jogos de azar e bebidas) levaria ao seu rompimento com a família que o acolhera quando pequeno.
Muda-se para Baltimore (EUA) e começa a escrever não por distração como outrora, mas por necessidade. Poe, completamente só, contava consigo próprio. Com o conto “Manuscrito encontrado em uma garrafa”, conquista o prêmio de um concurso de literatura, o que lhe rende alguns dólares e o abrir das portas como escritor.
Logo, torna-se editor de literatura do Southern Literary Messenger, perde o emprego devido ao alcoolismo e começa a se dedicar inteiramente à escrita. De 1838 a 1845, Poe publicou poemas, contos, novelas e coletâneas de textos, destaques para “Tales of the Grotesque and Arabesque” (“Histórias Extraordinárias”, como foi traduzida para o português) e para o poema “O corvo” (clique aqui), um dos seus mais famosos.
Em Baltimore conhece a prima, Virgínia Clemm, com quem se casaria e nutriria um amor que transcendera até mesmo a morte, que em 1847 a separaria dele. A perda precoce da esposa, o fez buscar refúgio no álcool e se enclausurar num mundo de infelicidade e amargura. Anabell Lee, um dos seus últimos poemas, é uma declaração à sua amada Virgínia.
“E nem os anjos do céu lá em cima, / Nem demônios debaixo do mar / Poderão separar a minha alma da alma / Da linda que eu soube amar.”
(Trecho do poema Annabel Lee, de Edgar Allan Poe)
Buscando fugir de tudo o que voltasse seu pensamento à esposa, tenta se aventurar em novas paixões, muda-se para Nova York, mas retorna a Baltimore, local onde morre em 1849, aos 39 anos. As causas da morte de Poe são incertas: diabetes, sífilis, raiva, loucura ou espancamento? As fontes se contradizem.
O poeta maldito, como muitos se referem à Edgar Allan Poe, foi um dos maiores expoentes da literatura estadunidense. Suas histórias, quase sempre, recheadas de suspense, seduzem de maneira inigualável o leitor, que se perturba diante dos ambientes inóspitos, mórbidos e assustadores; e de seus personagens misteriosos.
A obra “Histórias Extraordinárias”, um verdadeiro deleite literário, possui 7 contos envolvidos numa atmosfera carregada, incômoda e intrigante - características das histórias de Poe. O vocabulário multifacetado e rico do autor é um convite ao aguçar da imaginação de qualquer um. Li e recomendo.
Destaco os contos: “O Gato Preto”, “O Escaravelho de Ouro”, “Os Crimes da Rua Morgue” e “A Carta Furtada”. Basta clicar sobre os nomes e conhecer o universo de Poe. Boa leitura!
sexta-feira, 4 de julho de 2008
O maldito mundo de Poe
Marcadores:
cultura
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3 comentários:
hahahahaha O poema foi do meu blog!!
XD
Conheço algumas das obras de Poe, ainda não tive oportunidade de ler o livro q me indicou, mas farei-o logo.
Obrigado por seu comentário.
BjO.
André,
Essa indicação é um tanto diferente. Pensa só: Edgar Allan Poe não é um escritor muito conhecido por nós. Por isso, é válida e interessante sua indicação.
Já li "O corvo" e gostei. Vou ler os outros e depois deixo um outro comentário com minha opinião sobre eles.
Continuem assim!
oi
Sempre tive vontade ler Poe. Tem sugestão de por onde começo ?Alguma sugestão?
Vi seu blog do orkut.
Beatriz
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