Perfeitamente audível soaram as palavras cristãs nesta noite dominical que se passara, anunciando a história profética do menino que viera nos salvar e pregando a princípio, o desapego ao material em virtude da plenitude imaterial. Da semelhança entre as platônicas idéias e os dizeres da Bíblia, vê-se o quão fugaz são as relações e tudo que as cerca. Quão frágeis são as forças que alimentam o espírito natalino e a esperança de um ano posterior repleto de alegrias.Ceifam as amizades e o amor. A entrega esconde a célula-mãe do materialismo: o dinheiro. E não obstante, o esporte também se corromperia, inebriado pelas vultosas quantias que separam olimpianos de meros mortais. Principalmente em si tratando de futebol, berço das mais insanas orgias financeiras. Em tempos de crise, os “boleiros” chutam de bico os murmúrios de assombrações que assolam os mercados e isolam no ar, as expectativas de desvalorização de seus passes.
O Velho Continente, El’Dorado verde circunscrito pelo mundo, que é redondo sim, como já diziam os filósofos da antiguidade clássica grega, a bola gira: nos gramados e além de cifras nos bancos. Contudo, “a festa acabou, a luz apagou”, a fonte secou, o mercado esfriou. E agora... ? O poeta em seu repouso descansa e assiste aos cartolas sambarem e puxarem o coro, que dita a moda 2009: a criatividade.
Sem dinheiro, intensificaram-se as trocas entre equipes brasileiras, na mesma proporção em que crescem os salários e as declarações de “profissionalismo”. Aos mais saudosistas, resta o pesar de que a paixão e a saudável rivalidade tenham sido entregues a trivial troca de escudos e camisas, que tanto confunde jornalistas, quanto torcedores, que não conseguem sequer lembrar a escalação de seu time do coração.
O Fenômeno, que há tempos não justifica o apelido dado a ele pelos nerazzurri - torcedores interistas – em 1997, mostra-se, pelo menos, um fenômeno de marketing que agitou o mercado e balançou as estruturas de nosso futebol, seja pelo seu salário milionário ou pelos milhões de camisas vendidas com o nome do jogador, que deixou seu clube do coração, o Flamengo, em segundo plano em nome desse jogador moderno, versátil e adaptável: o profissionalismo.
Outras equipes, menos audaciosas, apostam para o ano-novo na ciranda da bola, o vai e vaivém daqueles profissionais acostumados a mudar de cores, horizontes e rivais. Jadílson acerta com os dirigentes atleticanos sua ida para a Cidade do Galo, após uma boa temporada pela equipe da Toca da Raposa. Leandro Amaral, que deixou com grande lástima as Laranjeiras, retornou ao Vasco da Gama pedindo perdão, jurando amor, e pode voltar ao tricolor carioca novamente, sem juras, mas com empenho e seriedade.
Talvez nós sejamos os culpados por este processo. Afinal, alimentamos durante anos o “amor à camisa”, algo impensável (aos atletas) em um jogo que movimenta milhões em público e renda. Milhões que, atualmente, são alcançados com o tal profissionalismo, que não entra em campo, não cobra tiro de meta, escanteio ou lateral, mas que nos bastidores dá suporte aos campeões, haja vista o Internacional e o São Paulo, exemplos de que o respeito à instituição, organização e comprometimento são bases para o sucesso.








Não sou uma pessoa politizada. Não entendo de economia. Apesar de todo o meu pessimismo e mau humor, ainda acredito no ser humano. Confesso que não acreditava na vitória do Obama. Não por não acreditar nele, mas por duvidar do povo norte-americano. Não conseguia conceber, em minha mente, que um povo tão racista pudesse eleger um negro para presidente. Acordei ontem ouvindo a notícia de que Barack Obama havia sido eleito e demorou um pouco pra ficha cair. Fiquei feliz.





