terça-feira, 7 de outubro de 2008

O lado bom da crise


Entre abalos e ganhos, Brasil pode atingir uma posição confortável ante a crise

Eis que a crise germinada no setor imobiliário expandiu-se rapidamente pelo mercado financeiro. O rastro de pólvora lançado aos ares, por Osama Bin Laden, com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, consumiu-se, acendendo a chama cálida da clemência. Ora, ora! Deixemos o tom formal de lado e passemos direto ao que interessa – espero que a você, caro internauta, a quem dedico algumas horas todas as terças. Das cinzas e estilhaços da crise, poderá emergir um novo Brasil, um país apto a enfrentá-la com força e acima de tudo, com competência (não é piada, amigo sem fronteira!) e sorte.

Os países-baleia ou Bric’s, jargões econômicos representativos das quatro grandes nações emergentes – Brasil, Rússia, China e Índia – chegaram a ser apontados como portadores da “síndrome do crescimento” e, por isso, não seriam acometidos pela crise iniciada nos Estados Unidos, fato inverídico, uma vez que os países centrais (ou desenvolvidos) respondem por, aproximadamente, 52% da economia global. Os primeiros impactos já são sentidos, contudo a economia brasileira apresenta indicadores de estabilidade, mesmo projetando-lhe frente a uma crise de ordem mundial.

O “crescimento tartaruga”, sinal de anos de políticas internas em constante mudança, começou a mudar no final da primeira administração Lula, com a queda da taxa de juros e superávits do PIB nacional. Só os novos tempos tardaram em relação aos outros emergentes, levando o Brasil a uma menor proporção das exportações no PIB. Hoje, talvez, poderemos comemorar tal sorte, ou azar. É que a menor dependência das exportações na economia, permitirá ao país, uma sobrevida maior que a de muitas nações emergentes e desenvolvidas.

O peso das exportações no PIB é da ordem de 14%, contra a média 40% para os demais emergentes. Os números demonstram o caráter ainda fechado da economia nacional, que pode ser um fator positivo ante a crise, minimizando as perdas. Outro fator importante são a solvência (capacidade de responder por seus compromissos com recursos próprios – seu patrimônio e/ou ativos) e liquidez (capacidade de transformar fundos, ativos, patrimônios em dinheiro rapidamente) dos bancos tupiniquins. Quem diria! Após uma história marcada por inflação, recessão e dívidas crescentes, temos agora, o que comemorar!

As labaredas do dragão da carestia carecem por visibilidade. É claro que a inflação preocupa, ainda mais em tempos difíceis, mas a cautela adotada pelo Banco Central, aliado ao fato do real não estar extremamente sobrevalorizado ante ao dólar, pode criar novamente, um clima favorável ao país, que terá o dólar próximo de um patamar aceitável (se as expectativas se confirmarem), na casa de R$ 2,50, ruim para as importações, mas facilitador para exportações.

As commodities, produtos de origem primária, serão a grande preocupação nacional, uma vez que representam 50% da pauta de exportações nacionais. Contudo, a dependência mundial em relação ao petróleo, junto a necessidade crescente de grãos para a produção de biocombustíveis e alimentação animal, permite-nos dizer que você, que trabalha horas afinco e, mesmo cansado, exausto e preocupado, prestigia o trabalho aqui realizado, pode respirar mais aliviado. Por hoje! Afinal a economia surpreende e até que se prove o contrário, está é apenas uma versão otimista acerca da forte crise que bate na porta e não pede, sequer, licença para adentrar os lares mundo afora.

- Este artigo foi útil, tem qualidade ou merece algum acréscimo. Deixe seu comentário abaixo ou assine nosso feed.

4 comentários:

Wander Veroni Maia disse...

O que mais me incomoda é o qto uma crise lá pode refletir em todo mundo. Estamos juntos e misturados nessa...fazer o quê?O Lula tá certo numa coisa: pq o FMI não se intromete nessa crise dos EUA? Sentar no rabo pra falar dos latinos pode, né!

Abraço,

=]

-------------------
http://cafecomnoticias.blogspot.com

All3X disse...

Nossa economia pode mesmo estar mais forte, mas não está imune.
Com queda nas exportações (afinal, os países que sofrem com acrise irão fechar mais o bolso) e com a evasão de investidores que, temerosos, podem querer mercados mais seguros.
É preciso cautela, mas ainda não é necessário alarde.
Estamos indo razoavelmente bem...
All3X

Guilherme disse...

Lucas,

Rapaz, fiquei um bom tempo afastado. Enfim, vamos ao que interessa: o Brasil.

Muito boa análise. Coerente com a situação atual, afinal a crise, como bem disse o Lula, começa no "âmago dos países centrais".

O que preocupa é uma provável queda no preço das commodities, como o petróleo, o trigo, a soja e alguns minerais. Mas isso você já disse!

Vou descendo. Até!

Anônimo disse...

É isso mesmo Lucas, suas análises estão cada vez mais lúcidas.

É impressionante como a imprensa aborda a crise com a visão fatalista dos países do norte. Ninguém diz que o dólar valorizado estimula as exportações no Brasil. Ninguém diz, por exemplo, que para um mercado ainda bastante resguardado como o chinês, a crise está sendo ótima. Estão soltando rojão!

As commodities realmente preocupam. Nossa bolsa é baseada em bens primários, produtos que são os primeiros afetados pela fuga de investimentos.

Acredito que entre mortos e feridos, o Brasil sairá fortalecido. Se Obama ir na onda de Mccain e subsidiar o etanol; se protegermos nossas fronteiras marítimas e criarmos uma política sustentável de exploração da amazônia, teremos tres bons argumentos para barrar o pessimismo externo.

Isso se a mídia tradicional quiser...

Melhor visualização com o navegador Mozilla Firefox