Por Ricardo Lima - editor de Cultura
Tenho quatro graus de miopia. Se estou sem óculos, sou praticamente cego, enxergo exatamente um palmo a minha frente. Sendo assim, a visão é uma das coisas mais importantes na minha vida (e eu já passei por todos os tipos de problemas com ela). Daí fui assistir "Ensaio Sobre a Cegueira". Que filme bom, esse. A adaptação do livro de José Saramago é impecável. Quando eu li uma entrevista do Fernando Meireles falando sobre o filme, me chamou atenção o comentário dele de que sua maior dificuldade foi descobrir como retratar a cegueira. E eu, enquanto uma pessoa quase cega, digo que ele conseguiu, com maestria, passar para a tela grande a sensação de não ver.
Aliás, eu saí do cinema pensando exatamente isso: assistir "Ensaio..." é a experiência de não ver um filme. A alternância entre o muito preto e o muito branco é muito bem executada. As sensações de claustrofobia e mal-estar diante da visão embaçada estão perfeitas. Acho desnecessário citar que o elenco tem atuações fantásticas (até a Alice Braga, com quem eu não simpatizo muito, está bem no filme), até porque o elenco principal é fantástico. Julianne Moore, Mark Ruffalo e Gael García Bernal estão impecáveis.
Penso que o grande mérito do filme é mesmo a parte técnica, e, claro, a direção, que prende o expectador num misto de sensações e emoções. A dúvida entre rir ou chorar dos novos cegos, o desespero de não ver, a câmera solta, muitas vezes não mostrando o rosto dos atores (sacada genial, na minha opinião), ou mostrando muito de perto, passando uma idéia de busca, quase tateando a pele do elenco, como um cego de verdade faria. Roteiro enxuto, direto, sem (muitos) pudores ou frases de efeito para se salvar (coisa que bons roteiristas não precisam).
Dizem que a obra de Saramago é politizada, difícil de entender, cheia de entrelinhas (e com pouca pontuação). Assim pode-se chegar a várias conclusões sobre do que se trata o filme. Política? Preconceito? Ignorância? Talvez nenhuma delas?
Aliás, eu saí do cinema pensando exatamente isso: assistir "Ensaio..." é a experiência de não ver um filme. A alternância entre o muito preto e o muito branco é muito bem executada. As sensações de claustrofobia e mal-estar diante da visão embaçada estão perfeitas. Acho desnecessário citar que o elenco tem atuações fantásticas (até a Alice Braga, com quem eu não simpatizo muito, está bem no filme), até porque o elenco principal é fantástico. Julianne Moore, Mark Ruffalo e Gael García Bernal estão impecáveis.
Penso que o grande mérito do filme é mesmo a parte técnica, e, claro, a direção, que prende o expectador num misto de sensações e emoções. A dúvida entre rir ou chorar dos novos cegos, o desespero de não ver, a câmera solta, muitas vezes não mostrando o rosto dos atores (sacada genial, na minha opinião), ou mostrando muito de perto, passando uma idéia de busca, quase tateando a pele do elenco, como um cego de verdade faria. Roteiro enxuto, direto, sem (muitos) pudores ou frases de efeito para se salvar (coisa que bons roteiristas não precisam).
Dizem que a obra de Saramago é politizada, difícil de entender, cheia de entrelinhas (e com pouca pontuação). Assim pode-se chegar a várias conclusões sobre do que se trata o filme. Política? Preconceito? Ignorância? Talvez nenhuma delas?
Acredito que, independente da opinião sobre a obra, é quase impossível não pensar em "Ensaio..." como uma obra acima da média atual dos blockbusters. Os únicos que não gostaram do filme foram (sic) os membros da Associação de Cegos da América. Como o próprio Saramago disse numa entrevista há duas semanas, "como alguém pode criticar algo que não viu?". Pois é.
2 comentários:
Ensaio sobre a cegueira...
Está na minha lista de certezas a serem feitas assim que tiver um tempinho de sobra.
Sei que não posso criticar sem ter visto, mas estou com ótimas expectativas ainda assim.
Ah, o texto ficou muito bom.
Valeu
Oi, Ricardo!
Eu ainda não vi o filme, apenas tenho a noção da pré-estréia pq fui fazer uma matéria para a revista onde trabalho e recebi o press kit. Só pelo trailler, pelo blog do filme, a sinopse, enfim uma monte de coisa, inclusive a sensibilidade técnica da produção, como vc mesmo disse, fazem de "Cegueira", um bom filme.
Em breve vou ver, alugar e ver muitas e muitas vezes...heheh
Abraço,
=]
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