quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O mal da Libertadores

Hoje pretendo abordar um fato inusitado no futebol brasileiro: times que surpreenderam e chegaram à Copa Libertadores. Porém, alguns após alcançarem tal façanha, pereceram pelas divisões inferiores nacionais e/ou estaduais.

E a pergunta que fica é: por que estes times, que deveriam pelo menos manter-se na situação em que se encontravam quando da disputa da competição sul-americana, caem pelas tabelas?
Antes de analisar os times, melhor citá-los, assim como suas trajetórias antes e depois do mais importante ano para estes clubes.

Bangu-RJ
O primeiro clube a superar as expectativas foi o Bangu-RJ, em 1985. A segunda colocação no Campeonato Brasileiro daquele ano manteve o time carioca na divisão principal do campeonato nacional em 1986. Porém, a 21ª colocação do alvirrubro fez com que o clube fosse rebaixada à Segunda Divisão do Brasileirão, que disputou em 1987.

Santo André-SP
O clube do ABC paulista venceu o Flamengo-RJ pela Copa do Brasil de 2004 e teve o privilégio de disputar a Libertadores do ano seguinte. Em 2005, o clube manteve boas campanhas no Campeonato Paulista, sem brilho na Série B do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, a 15ª colocação dentre 20 times deveria ter servido de alerta. Mas houve negligência. Em 2008, o clube estava na Segunda Divisão do estadual. Só melhorou agora, com a volta às elites paulista e brasileira.

Paulista-SP
Outro clube que teve história meteoro no futebol brasileiro foi o Galo de Jundiaí. Campeão da Copa do Brasil em 2005, em final contra o Fluminense-RJ, o clube não conseguiu manter boas campanhas. Aliás, a própria trajetória do Paulista na Série B daquele ano foi pífia: 15º colocado, a dois pontos do rebaixamento à Série C. 2006 foi um ano positivo, em que por pouco não subiram, pelo número de vitórias, duas a mais. Porém, em 2007 foi o desastre total. A equipe foi rebaixada à Série C do Campeonato Brasileiro somente dois anos após ter disputado uma Libertadores. E a queda livre não parou por aí. Com a nova Série C, que seria formada pelos quatro rebaixados da Série B mais os clubes que ficassem entre a quarta e a 16ª posições, o Paulista foi empurrado à Série D, que deverá conquistar pelo estadual de 2009. Ficou na primeira fase da competição, perdendo para Duque de Caxias-RJ e América-MG.

Depois de apresentar os times e suas histórias, pode-se perceber que todos estes clubes, considerados “pequenos”, não conseguiram manter o bom momento e caíram pelas tabelas. Uma das razões para tal fato é o investimento compensado pelas diretorias destes clubes. Reformas dos estádios para abrigar a competição internacional, contratação de jogadores acima da capacidade de pagamento destes clubes, tudo para dar alegrias às torcidas. Mas a euforia da classificação não se resumiu em felicidade durante a competição. O Bangu conseguiu apenas 11,1% de aproveitamento. O Paulista, 33,3%. O Santo André foi o melhor dos três, mas alcançou apenas 44,4% dos pontos disputados.

Ou seja, depois de disputarem a Libertadores, os times saíram na primeira fase da competição, cheios de dívidas, o que tornou a administração do futebol insustentável para disputar em condições de igualdade contra times do mesmo nível econômico.

Pois então, para os “pequenos”, vale a pena disputar a Copa Libertadores da América? Ou seria melhor galgar aos poucos, passo a passo, os degraus até chegar à competição internacional em condições de disputar para valer e assim, alcançar reconhecimento nacionalmente também? Sinceramente, tenho minhas dúvidas. E os exemplos de Bangu-RJ, Santo André-SP e Paulista-SP estão para alertar os torcedores, ávidos por uma participação na Copa Libertadores.

Matheus Laboissière, 21 anos, natural de Belo Horizonte, estudante de jornalismo do Uni-BH, diagramador e assessor da EPAMIG, colunista do site FutNet, idealizador do Espelho Digital e futuro colaborador do Sem Fronteiras.

3 comentários:

Daniel Leite disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniel Leite disse...

Fala, Matheus, tudo certo?

Se, no futebol brasileiro, as regras de competições fossem semelhantes às aplicadas na Europa, isso não aconteceria. As copas nacionais não fornecem acesso à Champions League. Por aqui, se a Copa do Brasil fosse um passaporte para a Copa Sul-Americana, talvez os clubes não enfrentassem estes problemas orçamentários, em virtude da necessidade de satisfazer os torcedores.

É claro que o Bangu conseguiu o passaporte à Libertadores através do Campeonato Brasileiro, mas, convenhamos, isso é praticamente impossível diante do sistema atual. Aliás, se um pequeno time buscar a vaga através de uma boa classificação no campeonato nacional, é sinal de que está suficientemente estruturado para fazer boa figura na Libertadores.

Por isso, apesar da ressurreição do Santo André, acho que o melhor para uma equipe emergente é o crescimento contínuo, como conseguiu o São Caetano. Hoje, o Azulão, com investimentos menores, caiu muito. Mas sua performance durante vários anos provou a solidez de sua ascensão.

Abraços!

Felipe Melloso disse...

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Parabéns e abraços

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