terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O álcool na boca do povo

O companheiro entende de química? Não! Mas de álcool entende... - Imagem: Newscomex

O título sugere discussões como a Lei Seca, que entrara em vigor no dia 20 de junho do ano anterior, ou até mesmo os embates sobre a proibição ou não de bebidas em estádios de futebol, como o Mineirão. Contudo, não é preciso ser ingerido para estar na boca do povo, afinal o etanol brasileiro, mesmo após as descobertas de petróleo nas camadas de pré-sal, continua a figurar como um grande “pop star” das pastas de Minas e Energia e Economia, além de despertar a atenção e preocupação estrangeira.

Em resultado divulgado ao final de janeiro passado pelo Ministério de Minas e Energia, o álcool combustível bateu recorde de exportação, com a marca de 5,16 bilhões de litros, mais que o dobro de exportações de gasolina, realizadas pela Petrobrás, informa a assessoria do ministério. O preço do produto também subiu, 16%, sendo cotado a US$ 0,47. O total exportado em 2008, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (ÚNICA), foi 47% superior ao volume de 2007. Bons números, certo? Digamos que o álcool está na boca do povo. Mas permanecerá por muito tempo?

O crescimento das exportações nacionais deve-se a uma junção de fatores, dentre eles o aumento do barril de petróleo, que permaneceu por algum tempo cotado acima de US$ 100, a utilização do etanol com insumo industrial e a quebra da safra de milho do Meio-Oeste dos Estados Unidos, em decorrência de enchentes. Todos ajudaram a alavancar o produto no mercado. Na bolsa de Chicago, especializada em commodities, produtos de origem primária cotados nas bolsas de valores, o milho atingiu preço recorde. O resultado disso foi a importação por parte dos Estados Unidos, de 1,52 bilhões de litros, 30% do total exportado pelo Brasil.

Agora pensemos em 2009 e na crise econômica mundial. O presidente estadunidense eleito, Barack Obama, já anunciou cortes no setor econômico, e assim como o também democrata Franklin Delano Rosselvelt, eleito por quatro vezes presidente, entre 1932 a 1945 (quando faleceu antes de terminar seu mandato), Obama também pretende seguir a receita de Maynard Keynes e agir de forma protecionista, colocando o Estado para controlar as ações do mercado. Bom para a debilitada economia dos Estados Unidos, péssimo para o Brasil, que sofrerá com altas taxas alfandegárias que tendem a encarecer o etanol nacional frente ao etanol de milho deles. Caso a União Européia também assuma essa postura ante a crise, o álcool combustível perderá seus dias de glória e o doce sabor de 2008.

Se o contexto parece desanimador, eis um alento. O consumo interno de combustíveis também bateu recorde ano passado, com 105,9 bilhões de litros consumidos. O resultado apresentado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revela outro ponto: o etanol assumiu a ponta dentre as matrizes energéticas consumidas por automóveis no país em 2008, a exemplo da gasolina e do gás natural veicular (GNV). Um fato que deveu-se a grande oferta dos carros total flex (que rodam a álcool ou gasolina) e pela adição de 3% de biodiesel ao diesel convencional, postando os biocombustíveis com 18,2% do mercado, de acordo com números da agência.

Se o preço do barril de petróleo e a política intervencionista de Obama entrarem em vigor, a tendência é que o preço do álcool possa cair mais e o produto de origem brasileira talvez ganhe definitivamente espaço e caia no gosto dos ainda receosos quanto ao custo-benefício deste combustível “limpo”, que é popular nos veículos e sob outro aspecto, nas mesas e bares de todo o país. Mas essa, já é outra história...

5 comentários:

Unknown disse...

voce acredita realmente que possamos ter algum beneficio real com isso???eu nao acredito. o governo é uma farsa e de uma olhadinha na quantidade de impostos que incidem em cima dos cosbustiveis. se voce nao quiser matar o presidente e os ministros apedrejados voce é muito passivo a ser roubado pelos ladroes do detrito federal.

Felipe Melloso disse...

OI Lucas.
Vim dizer que sua tabelinha no nosso blog Grupo Mãos, foi muito interessante e você captou bem o nosso objetivo.
Me deparei com sua análise econômica do nosso etanol.
Achei fantástica. Infelizmente não posso analisá-la pois não domino tão bem esse assunto, mas me interesso e quero estar sempre acompanhando você aqui.
Agora uma pergunta: Outros países não poderão absorver esses 1,52 bilhões de litros que o mercado estadunidense deixará de comprar? Outra, apesar de abastecer-se internamente, o etanol do milho não se tornará pouco competitivo no mercado mundial, favorecendo nosso alcoól?
Abraços

Anônimo disse...

Vejo de uma maneira muito cética qualquer tentativa de centralizar os recursos energéticos em uma só matriz. O etanol se tornou uma cartada política, uma demonstração de força do Brasil. É importante pra economia externa mas dfinitivamente não é a solução . Assim como o petróleo, poderá trazer grandes problemas ambientais se utilizado em massa.

Além do aumento da área desmatada, temos a questão da água (se não fosse o aquecimento global, estaríamos discutindo sobre escassez e água no mundo). Estamos debaixo de um cobertor de pobre, infelizmente, e nossos pés já estão descobertos.

O Brasil tem alguma gordura pra queimar no quesito recursos naturais mas as peças já estão sendo movimentadas. O próximo passo depois do pré-sal será criar um plano de exploração pra aquilo que talvez seja o nosso maior tesouro. O aquífero guarani, maior reserva de água doce do planeta. Se isso vai virar uma corrida pelo ouro eu não sei, mas creio que tão importante quando proteger a nossa economia será proteger as nossas fronteiras.

Um abraço, amigo.

Wander Veroni Maia disse...

Oi, Lucas!

Muito bom o artigo. Cá estou pensando na abertura econômica (e digamos até política) que o Brasil conseguiu fazer ao longo desses anos pelo mundo. Até por ser leigo no assunto, ainda tenho as minhas dúvidas se a entrada do álcool ou dos biocombustíveis vai ser boa para o Brasil> mas de qualquer maneira só de termos um produto e tecnologia sendo valorizados já é um bom sinal.

Abraço

Olho Científico disse...

Olá Lucas!
Você visitou nosso blog e muito obrigado pelo comentario!
E é muito legal o seu blog tm gostamos muito!

Um abraço,Dayane e Larissa.

Melhor visualização com o navegador Mozilla Firefox