Hoje pretendo abordar um fato inusitado no futebol brasileiro: times que surpreenderam e chegaram à Copa Libertadores. Porém, alguns após alcançarem tal façanha, pereceram pelas divisões inferiores nacionais e/ou estaduais.
E a pergunta que fica é: por que estes times, que deveriam pelo menos manter-se na situação em que se encontravam quando da disputa da competição sul-americana, caem pelas tabelas?
Antes de analisar os times, melhor citá-los, assim como suas trajetórias antes e depois do mais importante ano para estes clubes.
Bangu-RJ
O primeiro clube a superar as expectativas foi o Bangu-RJ, em 1985. A segunda colocação no Campeonato Brasileiro daquele ano manteve o time carioca na divisão principal do campeonato nacional em 1986. Porém, a 21ª colocação do alvirrubro fez com que o clube fosse rebaixada à Segunda Divisão do Brasileirão, que disputou em 1987.
Santo André-SP
O clube do ABC paulista venceu o Flamengo-RJ pela Copa do Brasil de 2004 e teve o privilégio de disputar a Libertadores do ano seguinte. Em 2005, o clube manteve boas campanhas no Campeonato Paulista, sem brilho na Série B do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, a 15ª colocação dentre 20 times deveria ter servido de alerta. Mas houve negligência. Em 2008, o clube estava na Segunda Divisão do estadual. Só melhorou agora, com a volta às elites paulista e brasileira.
Paulista-SP
Outro clube que teve história meteoro no futebol brasileiro foi o Galo de Jundiaí. Campeão da Copa do Brasil em 2005, em final contra o Fluminense-RJ, o clube não conseguiu manter boas campanhas. Aliás, a própria trajetória do Paulista na Série B daquele ano foi pífia: 15º colocado, a dois pontos do rebaixamento à Série C. 2006 foi um ano positivo, em que por pouco não subiram, pelo número de vitórias, duas a mais. Porém, em 2007 foi o desastre total. A equipe foi rebaixada à Série C do Campeonato Brasileiro somente dois anos após ter disputado uma Libertadores. E a queda livre não parou por aí. Com a nova Série C, que seria formada pelos quatro rebaixados da Série B mais os clubes que ficassem entre a quarta e a 16ª posições, o Paulista foi empurrado à Série D, que deverá conquistar pelo estadual de 2009. Ficou na primeira fase da competição, perdendo para Duque de Caxias-RJ e América-MG.
Depois de apresentar os times e suas histórias, pode-se perceber que todos estes clubes, considerados “pequenos”, não conseguiram manter o bom momento e caíram pelas tabelas. Uma das razões para tal fato é o investimento compensado pelas diretorias destes clubes. Reformas dos estádios para abrigar a competição internacional, contratação de jogadores acima da capacidade de pagamento destes clubes, tudo para dar alegrias às torcidas. Mas a euforia da classificação não se resumiu em felicidade durante a competição. O Bangu conseguiu apenas 11,1% de aproveitamento. O Paulista, 33,3%. O Santo André foi o melhor dos três, mas alcançou apenas 44,4% dos pontos disputados.
Ou seja, depois de disputarem a Libertadores, os times saíram na primeira fase da competição, cheios de dívidas, o que tornou a administração do futebol insustentável para disputar em condições de igualdade contra times do mesmo nível econômico.
Pois então, para os “pequenos”, vale a pena disputar a Copa Libertadores da América? Ou seria melhor galgar aos poucos, passo a passo, os degraus até chegar à competição internacional em condições de disputar para valer e assim, alcançar reconhecimento nacionalmente também? Sinceramente, tenho minhas dúvidas. E os exemplos de Bangu-RJ, Santo André-SP e Paulista-SP estão para alertar os torcedores, ávidos por uma participação na Copa Libertadores.
Matheus Laboissière, 21 anos, natural de Belo Horizonte, estudante de jornalismo do Uni-BH, diagramador e assessor da EPAMIG, colunista do site FutNet, idealizador do Espelho Digital e futuro colaborador do Sem Fronteiras.
3 comentários:
Fala, Matheus, tudo certo?
Se, no futebol brasileiro, as regras de competições fossem semelhantes às aplicadas na Europa, isso não aconteceria. As copas nacionais não fornecem acesso à Champions League. Por aqui, se a Copa do Brasil fosse um passaporte para a Copa Sul-Americana, talvez os clubes não enfrentassem estes problemas orçamentários, em virtude da necessidade de satisfazer os torcedores.
É claro que o Bangu conseguiu o passaporte à Libertadores através do Campeonato Brasileiro, mas, convenhamos, isso é praticamente impossível diante do sistema atual. Aliás, se um pequeno time buscar a vaga através de uma boa classificação no campeonato nacional, é sinal de que está suficientemente estruturado para fazer boa figura na Libertadores.
Por isso, apesar da ressurreição do Santo André, acho que o melhor para uma equipe emergente é o crescimento contínuo, como conseguiu o São Caetano. Hoje, o Azulão, com investimentos menores, caiu muito. Mas sua performance durante vários anos provou a solidez de sua ascensão.
Abraços!
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