Amanhã, 7 de setembro. Dia da Independência. Nome de dia bonito. Dia de feriado, embora, em um domingo. Dia de paradas militares por todo o Brasil afora. Dia de comemorar a emancipação política desse país de Portugal. Dia que é ensinado exaustivamente aos nossos alunos. Dia que fomos ensinados: "Tenham orgulho desse país!".
E fica nisso. Tudo na teoria. Tudo restrito à cantar todos os hinos possíveis que esse pais têm. Tudo restrito à decoreba e blá blá blá dos livros de história. Aprendemos todo o processo histórico pelo qual passamos até conseguir a independência, mas parece que esquecemos do que vem depois desta data e do nosso momento atual.
Depois do blá blá blá, que poupemos os professores, não é culpa integral deles, não é feita nenhuma reflexão sobre o que de fato é este país. Estamos mesmo 'independentes'? E não, não falo daquele papinho clássico de escola: "O Brasil não é independente. Os Estados Unidos ainda exploram a gente. Somos uns pobres coitados".
Não suporto também o papo que gosto de chamar de motivo endêmico! Pergunte ao seu vizinho, ou caso não converse com ele, a um primo qualquer, o seguinte: "O Brasil é um bom país?" Você vai escutar como resposta: "É sim. Aqui é um lugar bom! Clima agradável, pessoas boas, natureza exuberante. Ah, e não temos furacões, terremotos. Nossa, aqui é muito bom mesmo". Não consigo entender, mas fatores tropicais e relativos à natureza são usados para explicar se aqui é um bom lugar.
E ficamos nisso, só nisso, nestes pensamentos bipolares: "Aqui é um ótimo lugar, mas brasileiro sofre tanto..." Parece que esta é a máxima de grande parte dos brasileiros. E digo, sem medo de errar: aqui não está ótimo! Este país não é o mar de rosas com espinhos que tanto se fala. Reclamam, reclamam da política, rapidamente associada à corrupção: "Se não tivesse tanta roubalheira, estaria melhor". Porém, e o famoso e repugnante "jeitinho brasileiro", que sempre falo aqui neste espaço? Não é uma extensão popular da "roubalheira dos políticos"? Acredito que sim. Não aprendemos a ser corretos na escola, ou até mesmo em casa. Pelo contrário: muitas famílias, já inserem seus filhos desde novos no mundo mágico da 'artimanha brasileira'.
Ok, se a consciência pesou, podemos sim falar das esferas mais altas do poder, que ultimamente dão tudo, menos orgulho para nós: é escândalo atrás de escândalo, crise atrás de crise, problema atrás de problema. "Problema? Nossa, que problema. Não vejo é nada, o país está ótimo! Cara chato". O problema que falo não é financeiro, porque neste quesito estamos bem sim, mas me refiro aos problemas morais e éticos que esse país vem sofrendo. Infelizmente, a barreira mágica do dinheiro cega aqueles que insistem em dizer que não está acontecendo nada.
Precisamos é declarar nossa independência é dos desvios éticos e morais, da boa conduta, do bem coletivo e começar a planejar um país verdadeiramente descente para todos vivermos. Isso sim que mereceria ser comemorado.
Mas enquanto nada disso acontece, vamos fingir que está tudo bem, que o Brasil é cor-de-rosa, um céu-de-brigadeiro, tudo lindo e perfeito. Vamos fingir que o país não passa por uma grave crise de personalidade e atitude. E mais uma vez, vamos levando.
E já que é assim, um feliz 7 de setembro!
3 comentários:
Independência política, independência diplomática... Na essência, nada disso importa aos brasileiros, somente aos excessivos patriotas. Nós precisamos da verdadeira independência: uma sociedade auto-governável. Que o governo possa se limitar a oferecer boas condições de vida e, principalmente, segurança, e que as pessoas, construir o país baseadas em certos valores morais que foram esquecidos. Grande reflexão!
Até mais!
Grande reflexão mesmo!
Esses tipos de texto desta editoria são show de bola! sempre m impressiono c/ a qualidade!
Oi, Catta Prêta!
Elis Regina já cantava há algum tempo que o Brasil não conhece o Brasil. E hoje ainda acho que não conhecemos. Acho. Pq um país de tamanho continental, de custumes diversificados, pede por independência, pede por atitude, pede por justiça.
Por mais que esse seja um feriado cívico e de proporção histórica o domingo apagou a sua repercussão. O feriado virou sinômino de descanso, de fim de semana com família e amigos, menos de concientização.
Cada vez que entro aqui no SFW me surpreendo com algo que realmente merece ser debatido e que causa reflexão. Gostei d+ do que escreveu.Meu único medo enquanto cidadão é q continuemos acomodado com a corrupção. Mas só de abrimos espaço para debatê-la, creio que já damos o primeiro passo para sair da situação acomodada do "mundo cor-de-rosa".
Abração,
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